84% dos gestores assumem que a falta de clareza na medição do impacto nos ODS compromete progressos
A grande maioria (94%) dos líderes empresariais continua a considerar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como uma visão global conjunta, mas a sua concretização exige que o setor privado se concentre nas áreas em que pode ter maior impacto, de acordo com um novo estudo do Pacto Global das Nações Unidas e da Accenture.
Lançado a meio caminho para o prazo 2030, o relatório United Nations Global Compact-Accenture Global Private Sector Stocktake inquiriu mais de 2.800 líderes empresariais de todo o mundo e mostra que o setor privado é uma parte fundamental para alcançar os ODS. Atualmente, apenas 15% das metas dos ODS estão no bom caminho, sendo que 48% têm um progresso fraco e insuficiente e o progresso estagnou ou inverteu-se em 37% dos ODS.
O relatório apresenta dez caminhos para as organizações tomarem medidas e criarem impacto em relação aos 17 ODS. Os dez caminhos identificados no relatório têm exemplos aplicáveis a cada um dos ODS e oferecem um plano para ajudar o setor privado a construir um mercado mais sustentável.
Sanda Ojiambo, CEO do Pacto Global das Nações Unidas refere, citada em comunicado, que “o investimento e a inovação do setor privado são essenciais para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”. Sanda Ojiambo acrescenta que “embora não se trate de uma abordagem única, as organizações devem concentrar as suas ações consoante o nível de impacto nas pessoas, no planeta e nos seus negócios. Isto permitir-lhes-á comunicar eficazmente o desempenho, estabelecer objetivos e ações, envolver-se com as várias entidades, incluindo investidores, e obter acesso a novas oportunidades de mercado.”
Quarenta e quatro por cento dos líderes empresariais inquiridos esperam que o governo crie incentivos políticos para os ajudar a integrar os ODS na estratégia e nas operações empresariais, a fim de garantir condições equitativas para todas as organizações. Pretendem também uma orientação clara sobre onde concentrar os seus esforços e critérios de medição e métodos de cálculo claros, para que possam não só comunicar corretamente os progressos, mas também tomar decisões informadas com base nesses conhecimentos.
Para ajudar o setor privado a alcançar estes objetivos, os executivos globais acreditam que os decisores políticos devem:
- Aumentar a escala de novos modelos de incentivo para redefinir o sucesso em termos de risco, retorno e impacto:
- O principal pedido dos líderes empresariais é a elaboração de relatórios de sustentabilidade consistentes e mandatos de divulgação (76%). Isto ajuda a garantir que todas as empresas são obrigadas a seguir o mesmo padrão, tanto a nível nacional como mundial.
- Expandir os benefícios do mercado para alcançar uma atividade empresarial responsável:
- O segundo pedido é o ajustamento do salário mínimo nacional para igualar os níveis do salário de subsistência (71%) – uma alteração da estrutura de custos das empresas, mas que tem valor e vale a pena prosseguir se for suportada de forma justa. Além disso, a maioria apoia as políticas que ajudariam a promover a igualdade entre homens e mulheres, nomeadamente a divulgação obrigatória e a tomada de medidas em relação às disparidades salariais entre homens e mulheres (65%) e a licença parental partilhada remunerada obrigatória (58%).
- Transformar as bases do negócio para alcançar a sustentabilidade ambiental:
- Por último, as organizações apoiam a criação de uma série de políticas mais fortes para reforçar a proteção do ambiente, assegurando que os incentivos sejam alinhados para uma transição para as energias limpas. As políticas devem garantir ainda a obrigatoriedade de divulgação de informações para que todas as empresas sejam avaliadas da mesma forma, incentivando ações iguais em todos os sectores.
Para além da insuficiência de políticas que permitam um alinhamento nesta temática, os executivos apontaram limitações estruturais, como métricas de sustentabilidade inconsistentes e falta de competências em matéria de dados, em particular, como razões fundamentais para impedir uma maior ação no sentido de um maior avanço dos ODS:
- 84% dos líderes empresariais afirmam que a falta de clareza dos recursos de medição para calcular o impacto em relação aos ODS impede a capacidade da sua empresa de fazer progressos.
- 82% afirmam que o acesso limitado e/ou a má qualidade dos dados limita a sua capacidade de medir a contribuição para os ODS.
- 77% dos executivos expressaram a sua preocupação com a falta de competências ou com a falta de correspondência na força de trabalho para realizar o impacto relacionado com os ODS em todos os setores.
Stephanie Jamison, Senior Managing Director da Accenture, responsável pelos serviços de Sustentabilidade, explica que “as organizações a nível mundial compreendem cada vez mais o seu potencial para tomar medidas significativas sobre o desenvolvimento sustentável”.
Stephanie Jamison salienta ainda que “os avanços na tecnologia e análise nos últimos cinco anos significam que podemos agora utilizar vários conjuntos de dados de grande dimensão para medir os impactos do setor privado nos ODS de forma muito mais precisa e consistente. Isto, por sua vez, permite aos executivos gerir esses impactos mais cedo e com melhores resultados, trazendo uma clareza que ajudará a cumprir o papel crítico do setor privado na realização dos ODS”.
O relatório é o mais recente de uma parceria de longa data entre a Pacto Global das Nações Unidas e a Accenture, que utiliza um inquérito a mais de 2.800 executivos de todo o mundo, juntamente com uma análise de dados financeiros e não financeiros, para gerar conhecimentos sobre os impactos dos ODS ao nível do setor privado. A variedade dos dados utilizados para a perceção do setor privado “faz deste relatório uma das análises mais atuais, abrangentes e baseadas em evidências da contribuição do setor privado para os ODS”, conclui o comunicado.