O futuro dos gases renováveis é o hidrogénio. A PRF já se posicionou
A PRF conta com mais de três décadas de operação e atua no sector dos gases combustíveis. Com projetos em mais de 20 países, a empresa assenta o seu crescimento nos pilares da sustentabilidade.
Em entrevista à Green Savers, Manuel Fonseca, Business Developer na PRF Gas Solutions fala-nos sobre os novos projetos da empresa, os objetivos já alcançados e como projetam o futuro, no ambiente atual de transformação e, que, segundo o responsável, abre um mar de oportunidades no sector.
Como poderemos apresentar a PRF e quais são as valências no mercado?
A PRF é uma empresa com 32 anos de existência, focalizada em tecnologia, engenharia, construção, operação e manutenção de tudo o que é equipamentos e infraestruturas para o setor dos gases combustíveis, desde as redes de transporte, distribuição e utilização de gás, estações de regulação, postos de abastecimento de veículos a gás natural, unidades autónomas de gás natural para abastecimento de cidades ou indústrias que estão fora das redes de gasodutos, a projetos na área das energias renováveis.
Em 2021 instalaram o primeiro posto portátil de abastecimento de hidrogénio. Como é que está a correr este negócio?
O posto instalado em Cascais, o DRHYVE, foi o nosso primeiro posto de abastecimento de hidrogénio e foi inteiramente projetado e construído em Portugal pela PRF, e encontra-se a abastecer quatro autocarros e dois veículos ligeiros. Na área da mobilidade encontramo-nos a executar diversos projetos em Portugal, Espanha, França, Arábia Saudita e Polónia. A experiência adquirida em soluções de mobilidade e abastecimento de veículos a gás natural coloca-nos numa posição única para aplicar essa experiência no desenvolvimento de projetos relacionados com o hidrogénio, que é uma alternativa promissora para veículos de emissões zero, pelo que esperamos seguir o mesmo caminho que percorremos com o gás natural, onde hoje somos um dos principais players na construção de postos de abastecimento (cerca de 1/6 dos 600 postos de abastecimento existentes na Europa foram construídos por nós).
Quando é que começaram a olhar para a área do hidrogénio, como um potencial segmento de negócio?
A PRF tem, há cerca de cinco anos, uma área de negócios especificamente para o setor dos gases renováveis, mais concretamente de biometano, biogás e hidrogénio. Sob o nosso ponto de vista, os gases renováveis e, claro está, o hidrogénio, irão ter um papel primordial num futuro próximo, e serão uma parte muito importante da nossa matriz energética.
A nossa empresa está atenta às tendências e avanços na indústria de gases e energia, e com o crescente interesse e investimento global em tecnologias de hidrogénio como uma fonte de energia limpa e sustentável, vimos uma oportunidade de expansão natural para a nossa expertise. Desde então, temos investido em pesquisa, desenvolvimento e parcerias estratégicas para nos posicionar como um player importante na indústria de hidrogénio.
Dentro do setor de gases combustíveis, já temos uma profunda compreensão da produção, armazenamento, transporte e distribuição de gases, o que se traduz em uma base sólida de conhecimento para trabalhar com o hidrogénio. Portanto, vemos o desenvolvimento de projetos de hidrogénio como uma extensão natural das nossas capacidades e um caminho estratégico para continuar a impulsionar a inovação e a sustentabilidade na nossa indústria.
Além das soluções para a mobilidade (postos portáteis e fixos para abastecimento de hidrogénio), que outras soluções técnicas para esta área emergente de negócios ligados à descarbonização tem a PRF desenvolvido?
Para além de diversos postos de abastecimento construídos em construção, gostaríamos de salientar alguns projetos de extrema relevância para nós:
• H2 Évora: Projeto localizado no Município de Évora, com o propósito de produzir hidrogénio verde para utilização em uma Fuel Cell com 200 kW de potência elétrica. A produção do hidrogénio, neste projeto, encontra-se fora do âmbito da PRF; no entanto, a PRF projetou e concebeu a toda a solução após a produção de hidrogénio: armazenamento em buffer tanks, compressão, armazenamento em alta pressão, controlo e automação de todo o processo;
• Green Pipeline Project: Localizado no Município do Seixal, este é o primeiro projeto piloto de blending – injeção de hidrogénio verde na conduta de distribuição de gás natural – em Portugal e serve mais de 80 clientes, entre clientes domésticos, comerciais e industriais;
• Agendas mobilizadoras para a inovação empresarial: O programa “Ecocerâmica e Cristalaria de Portugal” é um projeto em parceria com diversas empresas da cadeia produtiva da cerâmica e do vidro visando a IDT, inovação produtiva e internacionalização das soluções. A PRF está diretamente envolvida em diversas atividades, desde o estudo e desenvolvimento da rede de produção e armazenamento de H2, até ao dimensionamento e conceção de um misturador industrial de gás natural e hidrogénio para fornos intermitentes e contínuos.
Quanto à Indústria, e porque cada vez mais as empresas devem procurar ser menos dependentes de redes energéticas, quer seja a eletricidade ou o gás, estamos a desenvolver projetos de produção de hidrogénio, pois é nossa convicção que num futuro muito próximo as empresas poderão começar a diminuir a sua dependência energética, produzindo hidrogénio a partir de energia renovável que estará localizada nas suas instalações.
O “Green Pipeline Project”, promovido pela FLOENE (antiga Galp Gás Natural Distribuição), visa a descarbonização das redes de gás natural através da mistura com hidrogénio verde. Em março de 2023, iniciou-se essa injeção. Qual o papel da PRF neste projeto?
Este projeto de dois anos visa testar o comportamento dos equipamentos domésticos e industriais ao utilizar a mistura de gás natural e hidrogénio verde (percentagem máxima de 20%, em volume), numa rede fechada e a PRF foi parceira deste projeto como empresa responsável pela engenharia, conceção, construção e manutenção da unidade de mistura e injeção. A ideia por trás deste projeto é adaptar as redes de gasodutos já existentes para transportar hidrogénio produzido a partir de fontes de energia renovável, como a energia solar ou eólica, misturando-o com o gás natural, tornando assim o transporte de energia mais sustentável. Essa transformação contribuirá para a redução das emissões de carbono associadas ao transporte de energia, já que o hidrogénio verde pode desempenhar um papel crucial na transição para uma economia de baixo carbono. Além disso, o “Green Pipeline” também se alinha com as metas de descarbonização e sustentabilidade ambiental.
Num futuro próximo, quais serão os grandes desafios para a PRF nesta área?
A indústria dos gases combustíveis está, sem dúvida, a atravessar momentos de grandes desafios, mas também claramente de grandes oportunidades. Independentemente de os desafios serem grandes, achamos que as oportunidades que os gases renováveis trazem a esta indústria, são bastante maiores do que eventuais ameaças. Temos a certeza de que com todo o enquadramento e com todas as oportunidades que estão criadas para o desenvolvimento da indústria dos gases renováveis, num futuro próximo, uma parte da nossa matriz energética será, seguramente, baseada em gases renováveis.
Na PRF estamos muito atentos à transformação energética que todos teremos que fazer, aos temas da descarbonização e sabemos que trará muitas oportunidades para a indústria do gás e especialmente para a PRF. Sabemos que a indústria do gás está em franca mudança. Acreditamos que o paradigma desta indústria, ou da indústria dos combustíveis, de uma forma geral, pode estar até ela própria em mudança, com a facilidade e com a competitividade da produção local, junto aos locais de consumo, das energias renováveis ou até dos gases renováveis, como o hidrogénio. O paradigma do consumo e da utilização da energia poderá mudar e, na PRF, estamos preparados para operar essa mudança.
Artigo escrito em parceria com a PRF e publicado originalmente na Green Savers nº 12.