Alto Minho erradica 40.600 vespas asiáticas fundadoras em três meses
A Associação Apícola de Entre Minho e Lima (APIMIL)revelou hoje que, entre 01 de fevereiro e 30 de abril, foram erradicadas 40.600 vespas asiáticas fundadoras, com capacidade para criar outros tantos ninhos, em 146 locais do Alto Minho.
Contactado pela agência Lusa, a propósito do fórum transfronteiriço “Controlo da vespa velutina nos ecossistemas do Alto Minho”, que vai decorrer na quinta-feira, em Ponte de Lima, o presidente da APIMIL, Alberto Dias, explicou que a operação de destruição das 40.600 vespas fundadoras foi realizada através da instalação de 300 armadilhas em 146 locais de pesquisa nos 10 concelhos do distrito de Viana do Castelo.
O responsável sublinhou que, se aquelas vespas predadoras não tivessem sido destruídas, a região passaria a ter mais 40.600 ninhos, sendo que cada um alberga cerca de duas mil vespas obreiras.
“O número de vespas fundadoras destruídas é muito superior ao que imaginávamos e dá uma boa imagem da presença da vespa asiática no Alto Minho” sublinhou Alberto Dias.
Segundo o levantamento feito pela APIMIL, que vai ser divulgado, na quinta-feira, no fórum transfronteiriço promovido pela Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho, “no litoral as vespas asiáticas eclodem mais cedo do que no interior”.
“No litoral o clima é mais ameno e, por esse motivo, a vespa asiática eclode mais cedo. Nas zonas de serra e montanha como, por exemplo, em Melgaço, Arcos de Valdevez e Ponte da Barca eclodem mais tarde, mas também constroem os ninhos mais rapidamente”, especificou.
Alberto Dias sublinhou que o Alto Minho “tem 12 anos de experiência da presença da vespa asiática”, classificando de “fundamental” a prevenção desta “praga”, através da instalação de “cada vez mais armadilhas”.
“Se colocarmos mais armadilhas, estamos a prevenir e a evitar, no futuro, o combate a esta praga. Temos de apostar na prevenção. Saber os locais onde serão colocadas as armadilhas, que tipo de armadilhas”, apelou.
O presidente da APIMIL reforçou a necessidade de envolvimento de todos, “cidadãos, apicultores, fruticultores, autarquias e entidades públicas”.
“A expansão da vespa asiática a nível do país tem sido cada vez maior. Há câmaras que fazem o trabalho de casa, mas tem de ser um trabalho conjunto. Se um município faz o trabalho de casa e o outro não faz, o que fez leva com as fundadoras do que não fez. Estamos a aplicar verbas que não produzem resultados”, alertou.
A nível europeu, Alberto Dias defendeu uma participação ativa da União Europeia (UE) por se tratar de “um problema de todos, que todos têm de resolver”.
“A EU não só tem de se envolver, como é sua obrigação arranjar verbas e formas de combate. A vespa entrou em Portugal pelo Alto Minho, mas hoje já chegou ao Alentejo. Em Espanha, a praga começou nas Astúrias e já passou a zona de Madrid. Em França, a vespa asiática está no país todo. Na Alemanha também já é um problema. A vespa asiática expandiu-se consideravelmente por quase toda a Europa. Temos de perceber que, ou trabalhamos todos em conjunto, ou vai ser complicado”, referiu.
A APIMIL tem 200 associados que operam em 70% das 20 mil colmeias registadas nos 10 concelhos do distrito de Viana do Castelo.
Natural das regiões tropicais e subtropicais do norte da Índia ao leste da China, Indochina e ao arquipélago da Indonésia, a espécie entrou na Europa através do porto de Bordéus, em França, em 2004. Os primeiros indícios da presença da vespa velutina no distrito de Viana do Castelo surgiram em 2011, mas a situação começou a agravar-se a partir do final do ano seguinte.
A praga começa a ser visível na primavera. Os ninhos começam por ter o tamanho de uma bola de pingue-pongue, em maio passa a ter a dimensão de uma bola de futebol e depois transforma-se num cesto que pode ter mais um metro de altura e 80 centímetros de largura.