COP28: Aumento da temperatura pode pôr em causa plantações de café em Timor-Leste
Um especialista timorense alertou que o aumento da temperatura pode pôr em causa as plantações de café e o cultivo de inhame em Timor-Leste, apesar da falta de estudos sobre o impacto das alterações climáticas no país.
“Se a temperatura continuar a aumentar todos os anos, um dos produtos que exportamos, depois do petróleo e do gás, é o café e a planta do café é muito sensível à temperatura. O grande perigo é que se as temperaturas aumentarem, mais cedo ou mais tarde, perdemos as plantações de café”, afirmou Manuel Gusmão.
O inhame é outro produto agrícola cuja produção diminuiu nos últimos anos, precisou o professor universitário.
Coordenador do Centro de Estudos para a Mudança Climática e Biodiversidade, da Universidade Nacional Timor Lorosae, Manuel Gusmão reforçou que Timor-Leste é muito vulnerável a deslizamentos de terra e a erosão do solo.
“Se por um lado, temos o aumento das temperaturas, por outro lado, também assistimos ao aumento pluviométrico, mas com grande variação, o que é bastante perigoso”, principalmente para a agricultura, do qual depende mais de metade da população timorense, salientou o professor universitário do departamento de agricultura.
Para Marçal Gusmão, “é urgente” fazer estudos de avaliação no terreno, mas o Centro de Estudos para a Mudança Climática e Biodiversidade quase não recebe financiamento para fazer pesquisas.
Um relatório do Banco Asiático de Desenvolvimento prevê que as temperaturas médias anuais do ar à superfície em Timor-Leste aumentem cerca de 2,9 graus centígrados até 2090 e que aumente a frequência fenómenos meteorológicos extremos.
“As alterações climáticas deverão alterar os padrões de precipitação e a produção alimentar de Timor-Leste provavelmente será uma das mais afetadas pelas mudanças nas chuvas no sudeste asiático. Em combinação com o aumento das temperaturas, a produção agrícola poderá ser menor”, refere-se no documento.
No relatório salienta-se que as alterações climáticas no país, que incluem também a subida da água do mar, vão “exacerbar a vulnerabilidade e a desigualdade”.
O mais recente relatório da ONU indica que o mundo precisa de cortar 42% das emissões até 2030 para respeitar o teto de 1,5°C de aquecimento, uma meta assumida em 2015 no Acordo de Paris sobre redução de emissões.
A cimeira da ONU sobre o Clima (COP28) vai decorrer entre 30 de novembro e 12 de dezembro, no Dubai, principal cidade dos Emirados Árabes Unidos, com a ambição de fazer o primeiro balanço global do Acordo de Paris.