“Crise de extinção”: Populações de aves de rapina em África enfrentam colapso



Quarenta e duas espécies de aves de rapina que habitam as savanas africanas perderam quase 90% da sua dimensão populacional entre os últimos 20 e 40 anos e quase dois terços delas podem ser consideradas ameaçadas de extinção.

O alerta é feito por um grupo de cientistas que, num artigo publicado esta quinta-feira na revista ‘Nature Ecology & Evolution’, explica que as populações de aves de rapina têm sofrido perdas muito mais acentuadas do que espécies mais pequenas, sobretudo em áreas não-protegidas.

Em comunicado, falam de uma “crise de extinção” e revelam que o declínio das rapinas acontece duas vez mais rápido fora de parques e reservas naturais e de outras zonas com proteção legal. Entre os principais fatores de ameaça estão as pressões humanas, como o abate e a degradação e destruição de habitats devido à expansão da agricultura.

Por isso, a sobrevivência das aves de rapina das savanas africanas está cada vez mais dependente de áreas protegidas e os investigadores avisam que, a não ser que as ameaças que hoje enfrentam sejam devidamente mitigadas, “é pouco provável que, até à segunda metade deste século, espécies grandes e carismáticas de águias e abutres persistam na maioria das zonas desprotegidas do continente”.

A águia-de-penacho é uma das espécies de aves de rapina que tem sofrido graves perdas populacionais nas últimas décadas em África.
Foto: Ninara / Wikimedia Commons (licença CC BY 2.0)

Darcy Ogada, bióloga especializada em conservação e responsável de programas africanos da organização não-governamental The Peregrine Fund, considera que “África está numa encruzilhada quanto ao salvamento das suas magnificas aves de rapina”. Para a cientista, estas espécies não enfrentam uma só ameaça, mas sim “uma combinação” de ameaças provocadas pelos humanos.

Os investigadores chamam também a atenção para o facto de algumas espécies de rapinas endémicas de África que estão a sofrer fortes declínios populacionais estarem atualmente classificadas com o estatuto de ‘Pouco Preocupante’. Disso são exemplo a águia-da-savana (Hieraaetus wahlbergi), a águia-de-penacho (Lophaetus occipitalis), a águia-dominó (Aquila spilogaster), o gavião-secretário-africano (Polyboroides typus), a águia-cobreira-castanha (Circaetus cinereus) e o açor-cantor-escuro (Melierax metabates).

Gavião-secretário-africano.
Foto: I’ve Got It On Film! / Wikimedia Commons (licença CC BY 2.0)

“Todas estas espécies têm taxas de declínio que sugerem que podem agora estar globalmente ameaçadas”, declaram.

“Desde os anos de 1970, extensas áreas de floresta e de savana têm sido convertidas em terras agrícolas, enquanto outras pressões que afetam as rapinas africanas têm sido igualmente intensificadas”, diz Phil Shaw, da Universidade de St Andrews, no Reino Unido, e primeiro autor do artigo.

Recordando que as projeções apontam para que a população humana duplique durante os próximos 35 anos, o investigador defende que “a necessidade de expandir a rede de áreas protegidas de África – e mitigar as pressões em áreas desprotegidas – é agora maior do que nunca”.





Notícias relacionadas



Comentários
Loading...