Lagos de todo o mundo precisam de um “check-up”



Os lagos são considerados a força vital de numerosos ecossistemas em todo o mundo e estão a enfrentar uma crise sanitária que pode afetar potencialmente os milhões de pessoas que dependem dos seus serviços.

Agora, um estudo realizado em coautoria pela Universidade de Griffith sublinhou a necessidade urgente de uma ação coordenada para resolver os problemas que põem em perigo os ecossistemas lacustres a nível mundial.

O Professor David Hamilton, Diretor do Australian Rivers Institute da Griffith, foi coautor do estudo Earth’s Future que examinou as várias doenças que afetam cerca de 21 milhões de lagos em todo o mundo com uma área superior a um hectare.

“Os lagos, nos seus variados tamanhos, formas e tonalidades, são contadores de histórias vitais da evolução geológica e do significado ambiental”, afirmou o Professor Hamilton.

“No entanto, a saúde destas massas de água está a ser cercada por uma série de doenças, incluindo problemas térmicos, circulatórios, respiratórios, nutricionais e metabólicos, bem como infeções e poluição”, acrescentou.

Para o Professor, “as consequências de negligenciar a saúde dos lagos são profundas. Sem uma intervenção atempada e medidas preventivas, estes problemas podem transformar-se em doenças crónicas, pondo em perigo os serviços essenciais do ecossistema de que dependem milhões de pessoas.”

A Austrália tem cerca de 11 400 lagos, sendo a maioria salgada devido a elevadas taxas de evaporação, ao lado de outras áreas, como partes de África e da Ásia Central, que evaporam muito mais água do que recebem.

Fenómeno generalizado de secagem dos lagos

Entre as conclusões, é preocupante o fenómeno generalizado de secagem dos lagos, exacerbado pelos fatores de pressão humana e pelas alterações climáticas. Esta situação está também a afetar a disponibilidade de água armazenada em reservatórios e barragens artificiais.

Cerca de 115.000 lagos em todo o mundo estão a evaporar-se a um ritmo alarmante, colocando em risco os mais de 153 milhões de pessoas que residem nas proximidades.

Para evitar uma catástrofe ecológica, o estudo defende uma abordagem global que inclua a melhoria do tratamento das águas residuais, a atenuação das alterações climáticas, a prevenção da introdução de espécies não nativas e a redução da poluição química.

O Professor Hamilton sublinhou a necessidade de aplicar estratégias semelhantes às dos cuidados de saúde humanos à gestão dos lagos.

“A identificação precoce, o rastreio regular e os esforços de correção são cruciais para preservar a saúde dos nossos lagos”, afirmou.

“Os lagos têm de ser reconhecidos como sistemas vivos que podem sofrer de uma grande variedade de problemas de saúde que são semelhantes, em muitos aspetos, aos problemas de saúde humana”, acrescentou.

“Apesar do aumento dos esforços de prevenção e tratamento em muitos países, continuam a não existir provas de uma melhoria substancial do estado geral da saúde dos lagos a nível mundial. Assim, existe um risco elevado de que cada vez mais problemas de saúde dos lagos se tornem crónicos e difíceis de tratar”, concluiu.

O estudo “Global Lake Health in the Anthropocene: Societal Implications and Treatment Strategies” foi publicado na revista Earth’s Future.

 

 





Notícias relacionadas



Comentários
Loading...