DGRM acredita que leilão eólico ‘offshore’ será lançado este ano após definição de novas áreas
A Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM) disse não ter dúvidas de que o leilão de eólicas ‘offshore’ será lançado este ano, após a definição e espacialização das novas áreas marítimas.
“[O leilão] deverá acontecer este ano, os ‘timings’ são definidos politicamente, mas não tenho dúvidas de que este ano acontecerá”, disse aos jornalistas o diretor-geral da DGRM, José Carlos Simão, que integrou uma delegação portuguesa que visitou a Noruega, num programa com o mote “Modernização Portuária”, promovido pela Direção-Geral de Política do Mar (DGPM) e o EEA Grants Portugal, em parceria com a Embaixada da Noruega em Lisboa e a Innovation Norway.
A ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, garantiu, no final de maio, que o leilão que ficou suspenso pela mudança política no país vai avançar, mas sem se comprometer com datas e com uma potência a atribuir inferior aos dois megawatts (MW) previstos pelo anterior Governo.
Com as instalações da Equinor para manutenção de turbinas eólicas como pano de fundo, em Dalsøyra, na costa oeste da Noruega, José Carlos Simão explicou que a DGRM tem um papel essencial no processo do leilão de ‘offshore’ eólico e que, em conjunto com o Governo, que é quem define as áreas finais para o concurso, terá de definir a espacialização das novas áreas.
“Depois de publicadas essas novas áreas [em Diário da República], será então lançado o leilão”, apontou o responsável, defendendo que, para que seja o mais benéfico possível para a sociedade, deverá incidir “sobre as áreas que tenham menor impacto nas outras atividades, que tenham as características físicas mais ajustadas para que os projetos sejam bons e que produza a energia ao mais baixo preço”.
José Carlos Simão explicou que cada lote colocado a leilão terá em média 500 MW e que “a espacialização criará os lotes necessários para o primeiro leilão acontecer de forma equilibrada”.
Portugal e Noruega são dois países marítimos com uma longa história de relações neste setor e, segundo o responsável, a visita da delegação portuguesa que integrou representantes de várias direções-gerais e administrações portuárias contribuiu para “aprender imenso com aquilo que a Noruega tem de experiência nesta área, nomeadamente com a tecnologia flutuante, que é aquela que se ajusta mais às características do mar português”.
“Estamos também a aprender com eles como é que eles desenvolveram os projetos e a articulação com as atividades que se desenvolvem no mar, nomeadamente a pesca, que é um aspeto importante”, acrescentou.
O diretor-geral defendeu que “um bom leilão”, sem “erros que no passado foram cometidos”, deve prever um uso equilibrado do mar, “tirando o seu máximo potencial de energia eólica mas também coabitando com as outras atividades”.
Quanto à tecnologia a utilizar, ao contrário da Noruega que utiliza maioritariamente um sistema flutuante que se adapta às características de profundidade dos fiordes, em Portugal “terá quase de certeza de ser tecnologia semi-flutuante”, explicou o responsável, para permitir a utilização dos portos, que, à exceção de Sines, não são de águas profundas.
Dias antes, num encontro entre 16 empresas norueguesas e as autoridades portuárias portuguesas, o responsável da Innovation Norway (congénere da AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal) Thomas Egger Sorensen disse aos jornalistas que há um grande interesse por parte das empresas norueguesas no leilão de eólicas ‘offshore’ em Portugal.
“Posso garantir a 100% que há interesse de empresas norueguesas nesse leilão, não só porque Portugal e Noruega cooperam no setor marítimo há cem anos, mas também porque a energia eólica ‘offshore’ é um dos setores com maior prioridade no setor empresarial norueguês, o Governo colocou-a no topo das prioridades e também a Innovation Norway tem uma estratégia de parceria para ajudar as empresas norueguesas desse setor a assumirem uma posição no mercado global”, afirmou.