A garantia de carbono poderá tornar-se obrigatória



É provável que as garantias de carbono no ambiente empresarial se tornem obrigatórias no futuro, e as empresas que já dispõem de sistemas para controlar e contabilizar as emissões de carbono colherão os benefícios, segundo a investigação da Universidade Edith Cowan (ECU).

“A garantia de carbono é um subconjunto da certificação de sustentabilidade que se centra nas emissões de carbono. Assim, tudo o que se relaciona com a forma como uma empresa regista as suas emissões de âmbito 1 e 2, as metodologias tecnológicas e de inovação utilizadas para atenuar as emissões de carbono e a exposição às emissões de carbono, tudo se enquadra nesta categoria”, afirmou Alex Zhang, professor da ECU.

Embora a garantia de carbono seja voluntária neste momento, Zhang e a sua equipa acreditam que é muito provável que se torne obrigatória no futuro, tal como a garantia financeira.

“Esta mudança será impulsionada por vários fatores, o primeiro dos quais é o incentivo das Normas Internacionais de Relato Financeiro (IFRS), que propuseram uma série de requisitos de divulgação obrigatórios para as alterações climáticas, que incluirão as emissões de carbono”, explicou Zhang.

“Com a entrada em vigor da obrigatoriedade de divulgação de informações sobre as alterações climáticas, é de esperar que um maior número de partes interessadas e investidores procurem garantias para verificar a divulgação, por parte de uma empresa, das suas informações relacionadas com o carbono”, acrescentou.

Zhang observou que a divulgação de informações sobre as alterações climáticas por parte de algumas empresas pode carecer da devida diligência, conduzindo a uma comunicação incompleta ou inexata do seu impacto ambiental e práticas de sustentabilidade.

“A garantia de carbono envolve a verificação e validação independentes das emissões de carbono e dos relatórios de sustentabilidade de uma empresa, e pode melhorar significativamente a qualidade e a fiabilidade das divulgações relativas às alterações climáticas, resolvendo a potencial falta de diligência devida e criando confiança entre as partes interessadas”, sublinhou.

Zhang referiu ainda que a investigação mais recente indicou que as partes interessadas e os acionistas mostraram frequentemente apreço pelos esforços de uma empresa para adotar a garantia de carbono.

“As empresas estão, até certo ponto, sujeitas a uma grande exigência em matéria de informação sobre o carbono. Para além das partes interessadas, nós, enquanto cidadãos e atores sociais, queremos que as empresas sejam socialmente responsáveis. Mas também temos de ter em conta que as empresas, pela sua própria natureza, são movidas pelos lucros”, afirmou.

“É pouco provável que as empresas invistam recursos numa questão social apenas para satisfazer a comunidade; tem de haver alguma forma de retorno. A nossa investigação mostra que as empresas com garantias de carbono registam frequentemente um aumento do investimento dos acionistas”, acrescentou.

“A garantia de carbono funciona como um sinal para o mercado de que uma empresa é capaz de funcionar de forma rentável e, ao mesmo tempo, de ajudar as partes interessadas a preservar o ambiente e a atingir a neutralidade carbónica. Em contrapartida, as empresas obtêm um maior retorno sobre o valor contabilístico e também melhores retornos de mercado”, concluiu.

O estudo foi publicado na revista British Accounting Review no início deste ano.





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