Clima: Acordo de Paris continua a ser maior esperança da humanidade
A presidente da Comissão Europeia disse hoje que a Europa continuará a lutar contra as alterações climáticas e que o Acordo de Paris, do qual os Estados Unidos voltarão a retirar-se, “continua a ser a maior esperança de toda a humanidade”.
Intervindo no Fórum Económico Mundial de Davos, na Suíça, um dia depois de o novo Presidente norte-americano, Donald Trump, ter anunciado, na sua tomada de posse, que vai retirar os Estados Unidos do acordo climático assinado em Paris em 2015 – tal como fizera no seu primeiro mandato -, Ursula Von der Leyen afirmou que “as alterações climáticas continuam a estar no topo da agenda mundial” e que a Europa trabalhará com todos aqueles que desejam “travar o aquecimento global”.
“Da descarbonização às soluções baseadas na natureza, da construção de uma economia circular ao desenvolvimento de créditos naturais, o Acordo de Paris continua a ser a melhor esperança de toda a humanidade. Por isso, a Europa manterá o rumo e continuará a trabalhar com todas as nações que querem proteger a natureza e travar o aquecimento global”, afirmou.
Von der Leyen defendeu que, “mesmo num momento de forte concorrência”, há que “unir forças”, apontando que “a Europa continuará a procurar a cooperação, não só com os amigos de longa data que pensam da mesma forma, mas também com todos os países com os quais partilha interesses”.
“Em desafios como estes, não estamos numa corrida uns contra os outros, mas sim numa corrida contra o tempo”, advertiu.
A presidente da Comissão sustentou que “os próximos anos serão vitais muito para além da Europa” e defendeu que “todos os continentes terão de acelerar a transição para as emissões zero e lidar com o peso crescente das alterações climáticas”, observando que “o seu impacto é impossível de ignorar” e dando como exemplo “as ondas de calor em toda a Ásia, inundações do Brasil à Indonésia, de África à Europa” e “os incêndios florestais no Canadá e na Califórnia e os furacões nos Estados Unidos e nas Caraíbas”.
“A nossa mensagem para o mundo é simples: se houver benefícios mútuos à vista, estamos prontos a colaborar convosco. Se quiserem modernizar as vossas indústrias de tecnologias limpas, se quiserem melhorar as vossas infraestruturas digitais, a Europa está aberta para negociar”, disse.
Esta intervenção de Von der Leyen no Fórum de Davos, que junta as elites económica e mundial, ocorre um dia após o anúncio da administração de Donald Trump de que os Estados Unidos vão retirar-se novamente do acordo climático de Paris, prejudicando os esforços mundiais para travar o aquecimento global.
Trump, que na segunda-feira prestou hoje juramento como 47.º Presidente dos EUA, no Capitólio, em Washington, vai assim repetir uma decisão que já havia tomado durante o seu primeiro mandato na Casa Branca (2017-2021), abandonando assim o pacto selado em 2015 na capital francesa durante a administração de Barack Obama (2009-2017).
Durante a sua administração, Joe Biden voltara a incluir os EUA no Acordo de Paris.
Na segunda-feira, a nova administração norte-americana também anunciou outras medidas, como a declaração de uma emergência energética para impulsionar a extração de petróleo no país, a eliminação dos subsídios que Joe Biden estabeleceu para a compra de veículos elétricos ou o fim dos arrendamentos de grandes parques eólicos.
Os Estados Unidos são o segundo maior poluidor do mundo, atrás da China.