ONG diz que uso de plástico pela Coca-Cola pode aumentar 20% até 2030 “se a empresa não mudar as suas práticas”



A organização não-governamental (ONG) de ambiente Oceana diz que o uso de plástico pela Coca-Cola poderá chegar às 4,1 milhões de toneladas métricas por ano até 2030 “se a empresa não mudar as suas práticas”.

Num relatório divulgado no final de março, os ambientalistas calculam que isso poderá significar um aumento de quase 40% até ao final da década no uso de plástico comunicado pela empresa em 2018, e uma subida de 20% face aos valores comunicados em 2023, ano em que, segundo a Oceana, o plástico usado pela Coca-Cola “era já suficiente para dar a volta à Terra mais de 100 vezes”.

Além disso, o documento prevê que cerca de 602 mil toneladas métricas do plástico que a empresa usará nas suas embalagens anualmente até 2030 acabará nos oceanos e outros corpos de água “se a empresa mantiver o rumo atual”, uma quantidade de plástico que a ONG ambientalista diz ser suficiente “para encher os estômagos de mais de 18 milhões de baleias-azuis”.

Matt Littlejohn, vice-presidente da Oceana, diz, citado em comunicado, que “o futuro da Coca-Cola está atualmente ligado (…) ao plástico de uso único”, e acrescenta que “a reciclagem não pode resolver o problema fora de controlo do plástico da empresa”, mas “a reutilização pode”.

A organização estima que se a Coca-Cola conseguisse alcançar uma taxa de reutilização de embalagens de 26,4% até 2030, face aos 10,2% de 2023, a empresa seria capaz de reduzir o uso anual de plástico “bem abaixo dos níveis atuais”.

“As garrafas reutilizáveis podem ser usadas até 25 vezes se forem feitas de plástico e até 50 vezes se forem feitas de vidro. Isso significa que uma garrafa reutilizável previne a produção e uso de até 49 garrafas de uso único adicionais”, diz a Oceana.

No entanto, os ambientalistas lamentam que em dezembro de 2024 a Coca-Cola tenha aberto mão da sua meta para aumentar em 25% a reutilização de embalagens dos produtos vendidos, dizendo que, ao invés, a empresa incidiu o foco no aumento do uso de materiais reciclados e na recolha de garrafas de plástico de uso único para encaminhá-las para reciclagem.

A Oceana diz que “recolher plástico para reciclagem e vender embalagens de uso único contendo plástico reciclado não reduzirá a pegada de plástico geral da empresa”.

“Garrafas de plástico de uso único feitas com conteúdo reciclado podem – tal como garrafas feitas de plástico virgem – tornar-se na mesma em poluição marinha e prejudicar a vida nos oceanos”, diz Littlejohn.

“A utilização de plástico pela Coca-Cola e o seu estatuto como um dos mais famosos poluidores de plástico do mundo são um risco para o futuro da empesa, dos oceanos e do planeta”, salienta o responsável, acrescentando que a empresa “tem de tomar ações reais para responder ao seu problema do plástico agora, em vez de se focar em medidas que não reduzem significativamente a sua pegada de plástico de uso único”.

Em reação ao relatório, a Coca-Cola enviou um email à Oceana, que a mesma partilha, no qual diz que a análise contém “uma série de declarações incorretas” e que o documento “ignora e caracteriza erradamente os desafios complexos associados à questão dos resíduos de plástico”.

“Soluções reais exigem a implementação de políticas, investimentos continuados em infraestrutura e a colaboração entre indústrias”, aponta a empresa, assegurando que “estamos a dar passos importantes para limitar o nosso uso de plásticos de uso único”.

Embora reconheça que “mais precisa de ser feito e continuamos a trabalhar e a investir no avanço das nossas ambições”, a Coca-Cola acusa a Oceana de, no seu relatório, ignorar “importantes realidades” e de transmitir “inúmeras imprecisões”.

“É uma irresponsabilidade por parte da Oceana dizer que o crescimento da empresa está diretamente ligado a um aumento do uso de plástico (não está)”, sublinha a empresa, apontando como “questionável” a metodologia da análise feita, bem como dizem que o relatório faz “declarações enganadoras sobre os impactos dos microplásticos na saúde” e “omite informação crítica” sobre as principais fontes de microplásticos, “que estudos têm mostrado ser tinta, fibras de roupas e pneus”.






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