Presença de algas, tipo de solo e caudal afetam deposição de microplásticos nos rios



A poluição por microplásticos é uma das grandes crises dos nossos tempos, com efeitos negativos sobre o ambiente, os ecossistemas, plantas e animais, incluindo os humanos.

Os ecossistemas ribeirinhos são importantes canais de transporte dessas micropartículas sintéticas, podendo encaminhá-las para os mares e oceanos, agravando as ameaças a que esses habitats estão já sujeitos.

Um grupo de cientistas de várias universidades nos Estados Unidos da América (EUA) quis perceber de que forma as caraterísticas dos ecossistemas ribeirinhos afetam a deposição e transporte dos microplásticos. Dessa forma, será possível, por exemplo, saber quais a zonas dos rios e ribeiras que devem ser prioridade em ações de limpeza.

Shannon Speir, da Universidade do Arcansas e uma das principais autoras do artigo que revela a descoberta, afirma, em comunicado, que embora muito se oiça falar de microplásticos e que cada vez mais trabalhos científicos se debrucem sobre o tema, os cientistas só começaram a perceber realmente a dimensão do problema na última década, e muito há ainda por descobrir.

Para perceberem como os microplásticos viajam pelas águas ribeirinhas, os investigadores criaram quatro pequenos ribeiros artificiais em laboratório com diferentes substratos, ou solos: um com pedras maiores tipo seixos, um com pedras de menores dimensões tipo gravilha, outro com areia e outro com uma mistura dos três anteriores.

De seguida, colocaram algas bentónicas, que vivem fixadas no leito dos rios, em concentrações variáveis.

Através de várias experiências, os cientistas perceberam que os cursos de água com mais algas, com substratos de maiores dimensões e com maior volume de água corrente são os que retêm maiores quantidades de microplásticos.

Além disso, verificaram que quando os cursos de água são afetados, por exemplo, por tempestades, que aumentam o seu caudal e perturbam os sedimentos, os microplásticos que estavam depositados no substrato podem voltar a ficar suspensos na água. Para os investigadores, isso significa que as tempestades podem aumentar a probabilidade de os microplásticos acabarem em lagos e no mar, mesmo depois de se terem depositado no leito ribeirinho.

John J. Kelly, da Loyola University Chicago (EUA) e coautor do estudo, considera que as experiências mostram que “certas características” dos ecossistemas ribeirinhos, como o tipo de substrato, “podem determinar onde as partículas de microplásticos se depositarão” ao longo de um curso de água. Para ele, esse conhecimento “pode ser usado para determinar quais os locais a priorizar em ações de limpeza”, salienta em comunicado.

“Além disso, os nossos resultados demonstram que as tempestades podem resultar no movimento de microplásticos do leito ribeirinho para a água e o seu subsequente transporte para jusante”, acrescenta Kelly, algo que “pode ser usado para determinar a melhor altura para os esforços de remoção de microplásticos” desses ecossistemas.






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