WWF assinala recorde de barreiras fluviais removidas e contraciclo de Portugal

A organização ambientalista WWF Portugal asinalou hoje o recorde de mais de 500 barreiras fluviais obsoletas removidas na Europa, mas salientou que “Portugal permanece inamovível perante a tendência europeia”.
Num relatório da coligação “Dam Removal Europe” diz-se que a remoção de 542 barreiras fluviais obsoletas religou mais de 2.900 quilómetros de rios na Europa em 2024, com a Finlândia a remover 138, a França 128, a Espanha 96 e Portugal uma.
Segundo o relatório foram removidas mais de 500 barreiras inúteis em vários rios, um novo recorde e um aumento de 11% em relação à marca anterior, estabelecida em 2023.
Em Portugal desconhece-se o número de barreiras que o Governo tem removido mas a organização ambientalista contribuiu para a remoção de 19 barreiras na Europa, uma em Portugal, reconectando mais de 142 quilómetros de rios europeus, segundo um comunicado da organização.
A única barreira que Portugal removeu e que vem na lista foi a barreira de Perofilho, um projeto de parceria entre a WWF Portugal, o município de Santarém e a organização SOS Animal.
“Nos últimos anos, a remoção de barreiras obsoletas tem estado a ser promovida quase exclusivamente pela sociedade civil, incluindo por ONG ambientais, que têm levado a cabo estas e outras ações de recuperação das margens dos rios com vista ao restauro fluvial”, disse, citada no comunicado, Manuela Oliveira, coordenadora de Água da WWF Portugal.
A organização já removeu em Portugal duas barreiras obsoletas, estando a terceira prevista para este ano, e tem desenvolvido estudos de identificação e triagem de barreiras fluviais obsoletas em conjunto com entidades governamentais locais, explicou também.
A remoção de barreiras, acrescentou, é uma medida que deverá ser também contemplada no Plano Nacional de Restauro, cuja elaboração a WWF Portugal acompanha formalmente, e que prevê também a criação de reservas fluviais, “o que é um sinal bastante positivo”.
A WWF Portugal salienta no comunicado que a remoção das barreiras, na sua maioria obsoletas, veio contribuir para a resiliência climática, para melhorar a segurança hídrica e alimentar e para reverter a perda de natureza.
Os números sobre a Europa “evidenciam o apoio crescente à remoção de barreiras artificiais, nomeadamente as obsoletas, como ferramenta para reconectar e restaurar os rios para as pessoas e a natureza em toda a Europa, seguindo uma das metas da Lei Europeia do Restauro da Natureza de alcançar pelo menos 25.000 quilómetros de rios livres até 2030”, disse Manuela Oliveira.
A organização recorda que atualmente mais de 1,2 milhões de barreiras fragmentam os rios europeus, dezenas de milhares das quais obsoletas, que impactam os cursos de água porque alteram o fluxo natural de água, sedimentos, nutrientes e espécies.
A “Dam Removal Europe” é uma coligação que junta as organizações “World Wildlife Fund”, “The Rivers Trust”, “The Nature Conservancy”, “European Rivers Network”, “Rewilding Europe” e “Wetlands International Europe”.