Participação dos EUA na cimeira dos oceanos ainda desconhecida

Os Estados Unidos ainda não confirmaram presença na 3.ª Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos (UNOC3), que começa a 9 de junho em Nice, disse fonte oficial francesa.
A informação foi avançada pelo embaixador francês para os polos e questões marítimas, Olivier Poivre d’Arvor, afirmando-se “órfão” dos “colegas cientistas americanos”.
“Há sempre um suspense, obviamente, neste momento com os Estados Unidos. Assim que estiver em condições de vos dizer quem representa e quem não representa os Estados Unidos, não deixarei de o fazer”, afirmou Poivre d’Arvor durante um “briefing” por videoconferência com a imprensa.
“Creio que haverá delegações de todos os países”, acrescentou, afirmando que “até à data há 50 delegações lideradas por chefes de governo e chefes de Estado”, incluindo a delegação brasileira liderada pelo Presidente Lula da Silva.
Cento e quarenta e nove cientistas americanos participarão no congresso científico que antecede a UNOC, principalmente de fundações e universidades, segundo os organizadores.
“A participação americana na conferência será um pouco inferior à prevista, mas ainda assim satisfatória”, afirmou Jean-Pierre Gattuso, copresidente da conferência científica, referindo entre cinco e dez deserções de agências governamentais como a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estado Unidos (NOAA) e o Instituto de Estudos Geológicos dos Estados Unidos(USGS). A NASA não está representada na UNOC.
A NOAA foi recentemente obrigada a reduzir o seu pessoal em cerca de 20% e a Casa Branca pretende efetuar cortes significativos no orçamento operacional da agência dedicada à meteorologia e oceanografia.
“Nós estamos órfãos de certa forma de um certo número dos nossos colegas americanos”, disse Poivre d’Arvor, referindo-se à ‘ausência de alguns cientistas que não foram autorizados a participar na conferência dos oceanos.
“A UNOC é uma cimeira que luta pela ciência. Neste momento, é um assunto importante”, sublinhou o embaixador.
Donald Trump, cético em relação às alterações climáticas, retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris sobre redução de emissões de gases com efeito de estufa no primeiro dia do seu segundo mandato.
E também quer acelerar a mineração em mar profundo, incluindo em águas internacionais, apesar das incertezas sobre os efeitos do processo na vida marinha. Por haver essas incertezas Portugal e dezenas de outros países aprovaram uma moratória sobre a mineração em mar profundo.
A terceira conferência dos oceanos realiza-se em Nice, França, de 9 a 13 de junho, depois de uma primeira conferência em Nova Iorque e da segunda em Lisboa.
Vai ter como tema “acelerar a ação e mobilizar todos os intervenientes para conservar e utilizar de forma sustentável os oceanos”.