Maioria das pessoas confia menos nos especialistas em clima do que noutros investigadores



De acordo com um novo estudo conduzido pelo UNSW Institute for Climate Risk & Response (ICRR), os especialistas em climatologia são, de um modo geral, menos fiáveis do que outros tipos de investigadores.

Omid Ghasemi e os seus colegas compararam as respostas de um inquérito a cerca de 70 000 pessoas em 68 países sobre a fiabilidade dos cientistas do clima com uma vasta gama de outros fatores ideológicos e demográficos.

“Não existimos no vácuo e esta investigação permite uma nova perspetiva dos diferentes fatores que podem influenciar a forma como as pessoas veem os cientistas do clima – e as forças que minam a confiança do público no seu trabalho”, afirma Ghasemi.

Os resultados, classificados numa escala de 5 pontos de 1 (nada) a 5 (muito forte), revelaram uma média global de confiança de 3,5 para os cientistas do clima em todo o mundo, em comparação com 3,62 para os cientistas em geral.

No entanto, seis países, e a China em particular, contrariaram totalmente a tendência, indicando uma confiança significativamente mais elevada nos cientistas do clima.

Polarização política põe em risco as calotes polares

A investigação revelou que as pessoas com opiniões políticas de direita tendem a confiar menos nos cientistas do clima, incluindo nos EUA, Canadá, Austrália, Reino Unido e grande parte da Europa.

“Não é de surpreender que se registe um aumento significativo do fosso de confiança entre os cientistas do clima e outros cientistas nestes países”, afirma Ghasemi.

“Nestes países, houve décadas de esforços coordenados por parte dos atores políticos conservadores e dos interesses dos combustíveis fósseis para politizar a ciência climática e minar a sua credibilidade”, acrescenta.

Interessante também, continua Ghasemi, são os países que mostraram a relação oposta, ou nenhuma associação significativa entre ideologia e confiança nos cientistas do clima.

“Em alguns países da Europa de Leste, do Sudeste Asiático e de África, os indivíduos de direita tendem a confiar mais nos cientistas e nos cientistas do clima”, revela.

“Isto pode sugerir que as atitudes da liderança política, e não as opiniões políticas das pessoas, explicam melhor estas diferenças de confiança”, explica.

Diferenças demográficas subjacentes às dúvidas

Os dados do inquérito, recolhidos no âmbito do projeto colaborativo Trust in Science and Science-Related Populism (TISP), abrangeram um total de 111 variáveis.

A análise dos dados recolhidos por Ghasemi revela que alguns fatores não políticos podem também estar associados a uma maior confiança nos cientistas do clima, como viver em cidades, ter crenças religiosas mais fortes, valorizar a ciência ou o método científico ou ser um adulto mais jovem do que mais velho.

Entretanto, as pessoas que apoiam as hierarquias sociais e as que acreditam que o senso comum é melhor do que os conhecimentos científicos têm menos probabilidades de confiar nos cientistas do clima.






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