Descoberta na Austrália primeira espécie de vespa totalmente adaptada à vida nas grutas

Nos túneis serpenteantes de calcário que correm sob a superfície das planícies de Nullarbor, no sul da Austrália, uma equipa de cientistas descobriu o que diz ser a primeira espécie documentada de vespa perfeitamente adaptada à vida nas grutas escuras.
Com cerca de dois centímetros de comprimento, uma tonalidade avermelhada, longas patas e antenas e asas extremamente curtas, tratar-se-á de uma espécie ainda desconhecida da Ciência. Para os investigadores da Universidade de Adelaide (Austrália), essa vespa é “um exemplo extraordinário de evolução em ambientes extremos”.
Mais extraordinário ainda poderá ser o facto de o animal ter sido encontrado mumificado agarrado a uma das paredes da gruta, como se tivesse sido congelado a meio caminho do percurso.
E a vespa não foi o único invertebrado encontrado. Os cientistas identificaram milhares de corpos mumificados de aranhas, centopeias e baratas, e admitem que alguns poderão pertencer também a espécies ainda por descrever.
Devido às condições secas e salgadas das grutas, não conseguiram, para já, perceber as idades dos animais, reconhecendo mesmo que alguns dos espécimes encontrados podem ter dezenas, centenas ou mesmo milhares de anos. Por isso, alguns podem até pertencer a espécies já extintas.
A causa da morte em massa desses invertebrados é, por agora, um mistério.
“Estas descobertas notáveis permitem-nos um vislumbre da biodiversidade das grutas de Nullarbor e fornecem-nos informação sobre a importância da área para a biodiversidade”, diz, em comunicado Jess Marsh, que liderou a investigação.
Esse conhecimento é especialmente relevante, salienta a cientista, porque as grutas que exploraram estão abrangidas por um projeto de larga-escala de energias verdes, que pode afetar a vida selvagem que habitat nessas cavernas escuras intocadas pelo tempo.