Estreito entre Suécia, Dinamarca e Finlândia pode ser “berçário” para misterioso tubarão-da-gronelândia

Os tubarões-da-gronelândia (Somniosus microcephalus) são uma espécie nativa das águas gélidas do Atlântico Norte e do Ártico e que vive a grandes profundidades, tendo sido encontrado a mais de dois mil metros abaixo da superfície.
Pensa-se que é o vertebrado mais longevo do mundo, mas pouco se sabe sobre como realmente vive, e como se reproduz. Mas uma nova investigação científica levantou um pouco do véu de mistério que envolve aquele que é um dos maiores tubarões carnívoros do planeta.
Num artigo publicado recentemente na revista ‘Ecology and Evolution’, um grupo de investigadores sugere que o estreito de Skagerrak, entre a Dinamarca, a Finlândia e a Suécia, pode ser um “berçário” de tubarões-da-gronelândia, explicando que essa área tem a maior proporção de juvenis, entre os 90 centímetros e os dois metros de comprimento. Esta espécie pode chegar aos cinco metros da ponta do nariz à ponta da cauda.
“Consideramos que as áreas mais profundas do Skagerrak sejam potencialmente uma importante zona de alimentação para ‘tubarões-da-gronelândia adolescentes’, e, de facto, o estudo é o primeiro a examinar sistematicamente a ocorrência de tubarões-de-gronelândia em Skagerrak”, diz, em comunicado, Peter Rask Møller, biólogo marinho do Museu de História Natural da Dinamarca e um dos autores do artigo.
O trabalho aponta ainda que é pouco provável que as fêmeas deem à luz nas águas em redor do Canadá, da Gronelândia, da Islândia, da Noruega e da Rússia, uma vez que “em fêmeas grávidas nem crias recém-nascidas foram alguma vez registadas em qualquer dessas áreas”, afirma o cientista.
A equipa acredita que é nas águas profundas de zonas com pouca perturbação humana, como o tráfego de navios de pesca comercial, que as progenitoras têm as suas crias.
Os tubarões-da-gronelândia são uma espécie vulnerável ao risco de extinção, segundo classificação da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza, e enfrentam sérias ameaças à sua sobrevivência, destacadamente a captura acidental em artes de pesca.
Por isso, os cientistas estão convictos de que aprofundar o conhecimento sobre a vida desses animais de aspeto pré-histórico, que podem viver durante centenas de anos, é essencial para impulsionar os esforços para a sua proteção.
“O estudo é uma lufada de ar fresco na história do tubarão-da-gronelândia em todo o Atlântico novo”, sublinha Peter Rask Møller, uma vez que, entre outras coisas, “fornece um entendimento sobre como as áreas marinhas mais profundas da Dinamarca desempenham também um papel na história de vida da espécie”.
No entanto, são precisos mais trabalhos de investigação para saber mais acerca de como esta espécie críptica se desloca, vive e se reproduzem, e sobre que partes do oceano mais frequenta.