Maioria dos portugueses quer construções sustentáveis



A maioria dos portugueses reconhece o peso da sustentabilidade nas decisões que tomaram ao construir a sua casa. De acordo com o estudo “Construção e Sustentabilidade: Necessidades, Preocupações e Desafios”, realizado pela UCI em parceria com a SPIRITUC — Investigação Aplicada e baseado em 611 respostas de participantes de todo o país, 59,7% afirmam que as preocupações ambientais influenciaram as suas escolhas e 82% garantem ter conseguido cumprir esses critérios durante a obra.

Entre as principais preocupações, destacam-se o isolamento térmico e a capacidade de reduzir consumos de eletricidade e aquecimento (56,2%), a maximização da luz e calor natural (46,3%) e a obtenção de uma boa classificação energética (30,6%). Para 77,8% dos inquiridos, é muito importante que a casa apresente resistência a desastres naturais, e 81,5% incorporaram no projeto soluções que aumentam essa resiliência.

As novas formas de construir começam a ganhar espaço. Embora a alvenaria continue a ser a opção dominante, escolhida por 55,3% dos participantes, 27,8% optaram por casas modulares e 10,3% por estruturas em madeira, revelando uma procura crescente por alternativas. O preço dos materiais surge como o critério mais determinante (77,3%), seguido do conforto (62,8%) e da sustentabilidade (50,1%).

A maioria das construções foi executada por empresas especializadas (72,5%), enquanto 18,5% ficaram a cargo de familiares ou conhecidos. Apesar da perceção generalizada de derrapagens orçamentais no setor, 86,4% dos que já concluíram a obra afirmam ter respeitado o orçamento definido, sendo que os desvios, quando ocorreram, se deveram sobretudo à inflação (56,1%), a alterações ao projeto inicial (46,3%), a atrasos (39%) ou a custos mal estimados (39%). A falta de mão de obra foi referida apenas por 12,2%. No que toca ao calendário, 85% indicam que o prazo previsto foi cumprido, situando-se o tempo médio de construção nos 414 dias.

Quanto à aquisição do terreno, 35% dos inquiridos receberam-no por herança ou doação, enquanto 39,8% recorreram a capitais próprios para o comprar. O prazo estimado para a emissão da licença de construção foi de 105 dias, cumprido em 86,6% dos casos; quando houve atrasos, estes rondaram, em média, mais 70 dias.

A elaboração dos projetos teve um prazo médio previsto de 155 dias, também na maioria dos casos cumprido, mas os 14,7% que registaram atrasos viram esse período duplicar, com uma derrapagem média de 159 dias. Entre as dificuldades mais comuns na fase inicial do processo estão a procura de terrenos com as características desejadas (36,8%), a burocracia associada à aprovação de projetos e licenciamento (34,4%) e a dificuldade em encontrar terrenos nas localizações pretendidas (29%). Apenas 5,9% aponta o financiamento como obstáculo.

No que diz respeito ao financiamento da construção, 55% recorreram a crédito, seja como única fonte (29,3%), seja complementado com capitais próprios (25,7%). O montante médio solicitado foi de 189 mil euros, correspondendo a 64,3% do custo total da obra. As principais dificuldades sentidas neste processo prendem-se com a burocracia (30,4%), o valor elevado das prestações (17,6%), o tempo necessário para aprovação (16,1%) e o montante reduzido disponível para entrada (16,1%).

As motivações para construir casa própria passam sobretudo pela possibilidade de personalização, referida por 63,2% dos inquiridos. Para 49,1%, é uma forma de garantir qualidade de construção, enquanto 36,7% apontam a procura de uma habitação mais sustentável. A esmagadora maioria (92,6%) está a construir no mesmo distrito onde vive atualmente, essencialmente pela proximidade de amigos e familiares e pela existência de bons acessos.






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