Cientistas e startups convertem águas residuais em energia limpa



Tradicionalmente, o tratamento de águas residuais tem-se centrado na remoção dos resíduos tóxicos, de modo a que a água possa ser despejada com segurança no meio ambiente. Pouca atenção tem sido dada à real composição do desperdício, a maioria do qual acaba desperdiçado.

Hoje em dia, no entanto, com as instalações de tratamento a enfrentarem custos mais elevados de energia e regulamentações mais rigorosas a respeito das emissões e dos desperdícios, a indústria está a adoptar uma nova perspectiva, onde os componentes das águas residuais são vistos como recursos valiosos capazes de serem reaproveitados ou convertidos em fontes de energia limpa.

Todos os dias, as mais de 15 mil estações de tratamento espalhadas pelos Estados Unidos têm de tratar milhares de milhões de litros de águas residuais. A indústria está lentamente a começar a perceber que não recuperar esses recursos traduz-se em descartar centenas de milhões de dólares. Como resultado, cientistas e startups começaram a desenvolver tecnologias capazes de tirar proveito do recurso – veja algumas delas, numa pesquisa do Guardian.

Zonas mortas

Uma equipa de cientistas da Universidade de Stanford desenvolveu um sistema que aplica os princípios da ciência dos foguetões ao tratamento do nitrogénio presente nas águas residuais, de modo a tornar o processo mais sustentável.

A água residual contém grandes quantidades de nitrogénio na forma de amoníaco. Quando esse nitrogénio entra nos cursos de água fertiliza-a em excesso, causando uma proliferação de algas que sugam o oxigénio e matam toda a vida marinha da região – criando as chamadas zonas mortas. Muitas instalações de águas residuais não têm capacidade para tratar o amoníaco de forma eficiente, logo o nitrogénio perde-se e tornar-se nesse poluente prejudicial.

A equipa de Stanford desenvolveu um processo com menos gastos de energia que converte o amoníaco em óxido nitroso. A formação desta substância é normalmente desencorajada, uma vez que se trata de um gás com efeito de estufa – mas quando queimada, juntamente com metano, torna-se numa fonte de energia que pode ser usada para alimentar as estações de tratamento.

Contaminação por metais

Os metais também são graves poluentes presentes nas águas residuais. Todos os anos, cada vez mais metais estão a ser usados pela indústria electrónica, de transportes e na construção civil. Isto significa que metais mais raros e preciosos são extraídos da terra e que mais contaminantes metálicos acabam na nossa água, tornando-a perigosa.

A startup Tusaar desenvolveu uma nova tecnologia de baixo custo que utiliza compostos amigos do ambiente para detectar mais de 40 metais na água. A tecnologia está a ser usada pela Universidade do Colorado para tratar os resíduos perigosos gerados pelos seus 400 laboratórios.

Gorduras e óleos

Têm-se também registado alguns avanços interessantes no sector alimentar, para evitar que óleos e gorduras acabem nas águas residuais. A startup FogBusters licenciou a tecnologia que usa um separador líquido para remover quase 100% destas substâncias das águas, sem ter de se recorrer ao uso de produtos químicos.

Este procedimento permite à indústria vender os seus resíduos de óleo e gorduras para serem usados em ração animal ou como matéria-prima para biocombustível.

Outra startup, a BlackGold Biofuels, desenvolveu uma tecnologia capaz de transformar o pior tipo de gordura em biocombustível de baixo carbono. Ambas são consideradas líderes de mercados nesta área.





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