França: “erro cómico” na encomenda de novos comboios vai custar milhões
Os operadores do sistema ferroviário de França foram obrigados a admitir um erro embaraçador que vai custar milhões de euros ao Estado francês. A ferrovia francesa é administrada por duas empresas, a Réseau Ferré de France (RFF) – que detém e está encarregue da manutenção das linhas férreas – e a Société Nationalde des Chemins de fer Français (SNCF) – que opera e explora os comboios que circulam nas linhas férreas.
Devido a um erro de troca de informação entre as duas empresas públicas, o tamanho dos comboios regionais e suburbanos que foram encomendados – ao abrigo de um programa de modernização do sistema ferroviário francês – é demasiado grande para a maior parte das estações.
Os novos comboios, que incluem perto de 2.000 carruagens, foram construídos segundo os “padrões internacionais” – que se revelaram demasiado grandes para muitas das estações em França. O erro terá ocorrido nas dimensões das plataformas fornecidas pela RFF à SNCF, que não teve em conta que muitas estações foram construídas antes dos padrões internacionais para o sistema ferroviário entrarem em vigor, há cerca de 30 anos.
No total, foram encomendados 341 novos comboios, que foram construídos pela Bombardier e pela Alstom pelo custo de €15 mil milhões. Os novos comboios devem começar a circular até ao final de 2016. Contudo, para compensar o erro de troca de informações, o Estado francês vai ter de gastar €50 milhões adicionais para ampliar as estações de maneira a que possam acomodar os novos comboios. São cerca de 1.300 as estações que vão ter de ser ampliadas. Desde que o “erro” foi detectado já foram alteradas 300.
“É como se eu tivesse comprado um Ferrari e só depois me aperceber que não cabe na garagem porque nunca tive um Ferrari antes”, indica Christophe Piednoël, da RFF, cita o Financial Times.
O Governo socialista de Holllande instigou uma reforma na estrutura da ferrovia nacional que vai trazer novamente os dois operadores para o controlo de um só grupo estatal.
Muito do investimento que vai ser feito no sistema ferroviário francês nos próximos anos será para modernizar a rede urbana e regional de comboios, que sofreram da prioridade dada nos últimos anos à rede do TGV.
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