Muitos tubarões podem ser mais velhos do que anteriormente se pensava

Testes com bombas nucleares feitos durante os anos 1950 e 1960 estão agora ajudar os cientistas a estudar a longevidade dos tubarões. No início de 2014 foi revelado que alguns tubarões brancos que percorrem os oceanos têm 70 ou mais anos. Agora, um novo estudo, publicado no Journal Marine & Freshwater Research, concluiu que os tubarões-touro, tal como muitas outras espécies de tubarão, vivem muitos mais anos do que os cientistas anteriormente pensavam.

“A esperança média de vida para os tubarões-touro no presente estudo atingiu pelo menos 40 anos para as fêmeas e 34 para os machos”, revela Michelle Passerotti, investigadora principal do estudo, cita o Discovery News. “As idades dos grandes tubarões foram subestimadas entre 11 a 12 anos”, acrescenta a investigadora.

Passerotti, investigadora na National Marine Fisheries Service of Southeast, e a sua equipa chegaram a esta conclusão depois de analisarem vertebras de tubarão-touro em diferentes estádios de vida. Os tubarões estudados habitavam as águas da África do Sul e do sudeste dos Estados Unidos.

A detonação das bombas nucleares durante os testes realizados nos anos 1950 e 1960 produziram radiocarbono artificial na atmosfera. Este fenómeno é conhecido como efeito bomba. O ciclo de trocas de carbono global tem reduzido o carbono radioactivo libertado pelas bombas nucleares.

Os níveis de carbono radioactivo presentes no ambiente continuam a criar marcas temporais, que permitem aos cientistas medir os níveis da substância em qualquer ser vivo, neste caso as vértebras do tubarão e compara essas medidas com uma cronologia de referência.

Esta técnica tem sido utilizada para datar as árvores, mas nos últimos anos tem sido aplicada aos tubarões, que são notoriamente mais difíceis de estudar. Tal deve-se às grandes distâncias oceânicas que os tubarões percorrem durante as suas vidas, à permanência nas águas profundas e à difícil captura para identificação.

Foto:  pats0n  / Creative Commons