África regista sucessos e oportunidades de aceleração dos ODS, mas pobreza persiste



África registou casos de sucesso e resiliência que podem ser exemplo para vários países na concretização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), segundo um relatório da ONU, que frisa, contudo, a persistência de pobreza e desigualdade no continente.

O Relatório dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2024, hoje divulgado pelas Nações Unidas (ONU), alerta que o mundo não está a cumprir as promessas dos ODS, com menos de um quinto dos 17 objetivos no caminho certo do cumprimento até 2030. Contudo, a ONU destacou uma série de casos de sucesso e oportunidades de aceleração dos ODS, alguns deles em África.

Na área da saúde, a África Subsaariana, a região mais afetada pelo VIH/Sida (Vírus da Imunodeficiência Humana/Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), reduziu em mais de metade as novas infeções anuais desde 2010.

Em relação à paridade de género, o relatório aponta que a África Subsaariana conseguiu melhorar esse critério em funções de gestão em 40% desde 2000.

Face à gestão da água e energia sustentáveis, o número de pessoas sem acesso à eletricidade no mundo caiu de 958 milhões em 2015 para 685 milhões em 2022, com a Ásia Central e Meridional e a África Subsaariana a “apresentarem uma queda significativa”.

Também a cobertura de áreas marinhas protegidas aumentou mais de dez vezes entre 2000 e 2024. A cobertura média de áreas-chave de biodiversidade marinha cresceu 128% no Norte de África e na Ásia Ocidental e 86% na África Subsariana entre 2000-2015.

“Repetidamente, a humanidade demonstrou que quando trabalhamos juntos e aplicamos a nossa mente coletiva, podemos forjar soluções para problemas aparentemente intratáveis”, disse Li Junhua, subsecretário-geral da ONU para os Assuntos Económicos e Sociais.

Apesar dos registos positivos, África ainda continua a ser um dos continentes mais afetados pela pobreza e desigualdade regional.

Exemplo disso é o facto de mais de metade dos trabalhadores que viviam em situação de pobreza extrema em 2023 ainda se encontravam na África Subsariana (145 milhões).

Segundo o relatório, a pobreza no trabalho afeta desproporcionalmente alguns grupos. Globalmente, os jovens têm duas vezes mais probabilidades do que os adultos de estarem em situação de pobreza no trabalho.

As mulheres registam normalmente taxas de pobreza no trabalho mais elevadas do que os homens, sendo a disparidade de género mais pronunciada observada nos países menos desenvolvidos.

A fome, a insegurança alimentar e a subnutrição continuam a prevalecer, exigindo esforços intensificados. Entre 691 milhões e 783 milhões de pessoas enfrentaram fome em 2022 em todo o mundo.

Globalmente, em 2022, estima-se que 22,3% das crianças com menos de 5 anos – ou 148 milhões – foram afetadas pelo atraso no crescimento – sendo demasiado baixas para a sua idade -, um número abaixo dos 24,6% registados em 2015.

Três quartos das crianças com menos de 5 anos com atraso no crescimento viviam na Ásia Central e Meridional (36,7%) e na África Subsariana (38,3%).

Ao ritmo atual, uma em cada cinco crianças com menos de 5 anos será afetada por atrasos no crescimento em 2030.

Já a queda na mortalidade materna estagnou, com grandes disparidades por região e rendimento.

Entre 2015 e 2020, o rácio global de mortalidade materna diminuiu apenas ligeiramente, de 227 para 223 mortes maternas por 100.000 nados vivos, número mais de três vezes superior à meta de 70 para 2030.

A África Subsariana e o Sul da Ásia foram responsáveis por 87% das mortes maternas, indica-se no relatório.

Em 2020, a taxa de mortalidade materna nos países de baixos rendimentos era de 430 mortes maternas por 100.000 nados-vivos, em comparação com 13 nos países de rendimentos elevados.

Na África Subsariana, apenas 73% dos partos foram assistidos por pessoal qualificado em 2023, a taxa mais baixa a nível mundial, frisa-se ainda no documento da ONU.

Um dos momentos-chave para colocar o mundo novamente no caminho certo para alcançar os ODS será a Cimeira do Futuro, em setembro na sede da ONU, em Nova Iorque.

As deliberações na Cimeira incluirão a abordagem da crise da dívida que está a atrasar tantos países em desenvolvimento e a necessidade urgente de reforma da arquitetura financeira internacional.





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