Amazónia: Mais de 100 golfinhos encontrados mortos na última semana por causa da seca



Desde o passado dia 23 de setembro que investigadores descobriram mais de cem golfinhos de água doce mortos no lago Tefé e nas áreas envolventes, na Amazónia brasileira.

A informação foi avançada pela WWF-Brasil e pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, que avisam, em comunicado, que “a estação de seca no Amazonas está mais severa neste ano”. Os cadáveres foram identificados como pertencendo às espécies Sotalia fluviatilis, também conhecidos como tucuxis, e Inia geoffrensis, ou botos-cor-de-rosa.

“A situação tende a agravar-se, já que estamos no início do período seco e a todo momento chegam mais notícias de animais mortos”, lamentam as instituições.

Os investigadores do Instituto Mamirauá, em colaboração com voluntários, estão agora numa corrida contra o tempo para resgatarem golfinhos que, apesar de ainda estarem vivos, estão em áreas de águas pouco profundas ou com temperaturas elevadas. O objetivo é transferir os animais para locais com água mais fresca e profunda.

No entanto, salientam que as operações de salvamento são complexas, uma vez que “o difícil acesso à cidade de Tefé faz com que a ação seja mais lenta que o desejado”.

André Coelho, do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, explica que “o primeiro esforço é retirar os corpos dos animais mortos da água, mas com o grande número de animais mortos se tornou impossível. O translado dos botos vivos para outros rios não é seguro, pois além da qualidade da água é preciso verificar se há alguma toxina ou vírus. Estamos mobilizando parceiros para coleta e análise e outras instituições que possuem expertise em resgate de animais”.

A época seca na região tradicionalmente atinge o seu pico em outubro, pelo que os especialistas dizem que é muito provável que as condições venham a agravar-se nas próximas semanas, sendo, por isso, expectável o aumento do número de mortes de golfinhos amazónicos.

Mariana Paschoalini Frias, da WWF-Brasil, sublinha que o agudizar das condições de seca vem intensificar as pressões a que as populações destes golfinhos estão já sujeitas, como a poluição das águas por mercúrio usado na exploração mineira, a captura excessiva e os conflitos com humanos. “Agora, esses pequenos golfinhos de água doce são impactados de maneira mais direta pela questão climática”, alerta a conservacionista, argumentando que é necessária “uma ação efetiva de proteção imediata” desses animais.

Lembram as instituições que nos últimos dez anos, os nove países que têm nos seus territórios a floresta amazónica perderam um milhão de hectares de superfície de água, “o equivalente a seis cidades de São Paulo em área hídrica”.





Notícias relacionadas



Comentários
Loading...