Análise GS: EUA vs China, a guerra chegou aos painéis solares
“Interessa mesmo saber quem fabrica os painéis solares, se a China, os Estados Unidos ou a Alemanha?” – perguntava, na semana passada, o agregador GOOD.
A pergunta é pertinente mas, na perspectiva do consumidor final, irrelevante. Na verdade, a entrada da China no fabrico de painéis solares está a levar à descida do seu preço. Drasticamente.
A tal ponto que, na semana passada, sete empresas norte-americanas queixaram-se oficialmente ao Department of Commerce and International Trade Comission dos concorrentes chineses, alegando que a China superou os limites de subsídios para a indústria exportadora de energia solar. Numa palavra, a China está a fazer dumping com os painéis solares que comercializa nos mercados exteriores.
Segundo o agregador GOOD, por outro lado, também países como a Alemanha, onde as energias limpas estão a ganhar uma grande importância no dia-a-dia, estão preocupadas com o dumping chinês.
“Parece-nos claro porque razão os fabricantes de painéis solares norte-americanos e alemães estão preocupados com os painéis low cost [chineses]. Mas, para todos nós, interessa realmente quem fabrica estes painéis solares?”, questiona o GOOD.
Na verdade, depende. Se é verdade que o dumping chinês está a trazer preços bem mais competitivos para o mercado – com todos os benefícios em termos de energia limpa –, por outro lado, há empresas norte-americana na área da energia solar a falir por causa desta concorrência. E, com elas, os chamados empregos verdes.
Há ainda uma terceira questão para este complexo problema: há empresas norte-americanas que estão a gerar novos negócios com a venda de silicone e outros materiais indispensáveis ao fabrico de painéis solares para a China. E também estas empresas estão preocupadas… mas com a queixa das suas compatriotas.
“A prioridade mais importante, hoje, é garantir que os projectos relacionados com as energias limpas continuam em cima da mesa”, conclui o GOOD. “Até porque, entretanto, o nível de carbono na atmosfera continua a crescer, com poucas ou nenhumas preocupações com a implicação que isto terá na criação futura de empregos”.
O GOOD conclui assim que este é um risco positivo para a economia norte-americana. E global. “Se a única ofensa da China é fabricar painéis solares mais baratos que as empresas americanas, nem vale a pena lutar: as empresas americanas perdem, mas todos nós vamos beneficiar”, explicou o agregador. E nós concordamos (e o leitor, concorda?)