Apascentação de baixa intensidade pode sustentar maior biodiversidade de invertebrados nas quintas modernas
Práticas de pastoreio extensivo podem ser benéficas para a biodiversidade de artrópodes que vivem no solo mesmo em pastos agrícolas intensivamente cultivados.
A conclusão é de uma investigação liderada pela Universidade de Helsínquia, que estudou mais de 40 explorações pecuárias de leite e carne no sul da Finlândia. Os cientistas avançam que as quintas que praticam pastoreio de baixa intensidade são aquelas que demonstram os níveis mais elevados de espécies de artrópodes.
Como tal, entendem que esses resultados, publicados este mês na revista ‘Agriculture, Ecosystems & Environment’, demonstram “a importância ecológica do pastoreio como uma ferramenta para manter a biodiversidade agrícola”.
A equipa argumenta que o estudo “fornece perspetivas valiosas sobre como equilibrar a produção agrícola e manter a biodiversidade nas terras agrícolas em sistemas modernos de pastagens”. E aponta que esses resultados são especialmente importantes dado o declínio das populações de vários grupos de insetos em contextos agrícolas na Finlândia e a consequente perda dos serviços de ecossistema essenciais que esses invertebrados fornecem, como a reciclagem de nutrientes e a polinização.
A investigação sugere também que a apascentação de gado em pastagens rotativas promove uma maior biodiversidade, mas só se o número de animais de gado não for demasiado elevado tendo em conta a área onde pastam.
Os cientistas reconhecem, contudo, que a pastagem em terrenos agrícolas é benéfica para a biodiversidade para pode resultar em níveis de produção mais baixos. Por isso, argumentam que essa relação deve ser reconhecida e abordada na altura de conceber soluções para equilibrar a produção alimentar com a proteção dos serviços de ecossistema.
“O nosso estudo contribui de forma única para as evidências limitadas sobre o estado ecológico das pastagens rotativas e dos benefícios da biodiversidade da apascentação de gado em explorações pecuárias modernas de leite e carne”, refere, em comunicado, Iryna Herzon, primeira autora do artigo.
Para a investigadora, embora manter vacas criadas para produção de leite em recintos fechados e explorar intensivamente as pastagens para silagem possam aumentar a produção, isso pode também “reduzir significativamente a biodiversidade em explorações pecuárias, potencialmente para níveis comparáveis a quintas sem gado”.
Desta forma, para que os criadores de gado possam aumentar a biodiversidade nas suas explorações, os cientistas aconselham a apascentação ao ar livre em vez de manterem o gado dentro de portas e a adoção de práticas de pastoreio extensivo de baixa intensidade.
Sugerem ainda que, “para compensar possíveis reduções na produção, o leite de vacas em pastagem poderia ser vendido a um preço mais elevado, ou poderiam ser concedidos apoios públicos para incentivar práticas benéficas para a biodiversidade”.