Apelos para recuperação do solo são uma das marcas para o Dia Mundial da Terra



O movimento global de defesa do solo ‘Save Soil’ apela para a recuperação e proteção da matéria orgânica no solo e lembra que se este for saudável recupera mais carbono e produz mais alimentos.

O apelo surge a propósito do Dia Mundial da Terra, que se comemora na segunda-feira, para sensibilizar para a importância de preservar os recursos naturais. Este ano o lema das comemorações é “Planeta versus Plásticos”.

“Um solo saudável tem uma grande capacidade de retenção de água, através da captação da humidade atmosférica e da água da chuva”, diz, citada num documento da ‘Save Soil’, Maria José Roxo, professora do departamento de Geografia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

Um solo com um bom teor em matéria orgânica apresenta uma maior resiliência às secas, salienta a responsável, explicando que uma boa gestão do solo é “um bom instrumento de mitigação da mudança climática”.

A investigadora na área da desertificação, degradação de ecossistemas e alterações climáticas lembra as temperaturas recorde dos últimos 10 meses em Portugal e os avisos de que o planeta já está a ultrapassar os 1,5 graus celsius de aquecimento em relação à época pré-industrial.

De acordo com o ‘Save Soil’ – um movimento apoiado por diversas estruturas das Nações Unidas e que colabora com governos no estabelecimento de políticas de saúde do solo – um solo agrícola saudável pode sequestrar 27% das emissões de gases com efeito de estufa necessárias para manter o aquecimento global abaixo dos dois graus.

O solo deve ser tratado como uma ferramenta de mitigação das alterações climáticas, permitindo o acesso a um maior financiamento, defende o movimento, explicando que os solos, que emitem carbono, podem ser não só neutros mas ser “esponjas” de carbono usando práticas regenerativas.

O Dia Mundial da Terra celebra-se em mais de 190 países e neste dia a organização “Earthday.org” apresenta o compromisso de reduzir a utilização dos plásticos em prol da saúde humana e planetária, exigindo uma redução de 60% na produção de todos os plásticos até 2040.

Kathleen Rogers, da “Earthday.org”, numa mensagem para o dia, afirma que toda a população do mundo está a ingerir e a inalar plásticos, que podem ser tóxicos.

Num relatório que compila informações sobre o plástico, que fala mesmo da era do “plasticeno”, a organização alerta para o problema dos microplásticos, nanoplásticos e dos seus aditivos químicos, especialmente junto das crianças.

No documento afirma-se por exemplo que a produção de plástico deve duplicar até 2040 e que de todos os estudos se pode concluir que a situação é alarmante, que é preciso agir e que se deve ter cuidado, porque a extensão total dos riscos para a saúde ainda não é totalmente conhecida.

Há provas, refere o relatório, de que os microplásticos se acumulam nos órgãos humanos, incluindo cérebro ou na placenta humana, estando os microplásticos e os seus químicos associados a taxas mais elevadas de aborto espontâneo e infertilidade masculina.

E há provas também, adianta o documento, que os bebés ingerem 10 vezes mais microplásticos do que os adultos, ao gatinhar ou colocar objetos na boca.

Outros estudos indicam que há mais microplásticos no ar dentro de casa do que no exterior, onde os bebés passam mais tempo, e outros ainda associam os microplásticos a um aumento de cancro infantil e outras doenças.

No relatório afirma-se que é precisa muita mais investigação sobre microplásticos e saúde, sendo certo que ninguém os consome porque quer mas sim porque eles se tornaram omnipresentes no ar, nas casas, na água e nos alimentos.

Mais do que o lixo, o verdadeiro problema do plástico relaciona-se com a saúde, com cada ser humano a inalar 120 mil partículas e a ingerir 52.000 partículas de plástico por ano.

Em 2021 foram produzidos mais de 390 milhões de toneladas de plástico e a sua produção já representa 3,4% das emissões mundiais de gases com efeito de estufa.

O Dia Mundial da Terra, promovido por um senador americano, foi assinalado pela primeira vez em 22 de abril de 1970. A Assembleia Geral da ONU formalizou o dia em 2009.





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