Ar condicionado: em Portugal, mais 90% dos gases com efeitos de estufa vai parar à atmosfera



Os equipamentos de ar condicionado precisam de ser devidamente tratados quando chegam ao fim de vida. Estas máquinas incluem um conjunto de compostos que são nocivos para o meio ambiente e para as pessoas.

Todavia, a ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável indica que em 2017 apenas 2231 destes equipamentos foram enviados para empresas licenciadas para o seu tratamento, o que corresponde a menos de 1% da média das unidades colocadas no mercado entre 2014 e 2016. A meta para 2019, diz a ZERO, é que 65% dos equipamentos de ar condicionado sejam corretamente tratados.

“Esta situação é muito grave em termos ambientais, porque significa que mais de 99% desses equipamentos estão a ser enviados para empresas de sucata que não fazem a remoção dos fluidos refrigerantes, os quais constituem uma das fontes de gases de efeito de estufa e/ou destruidoras da camada de ozono”, indica a associação.

Segundo os dados apurados pela ZERO junto das empresas licenciadas para o tratamento destes resíduos e gestão dos respetivos fluidos refrigerantes, dos 197 530kg de fluidos que estavam contidos nesses equipamentos, apenas foram recuperados 8,7% (17 260kg), entre os que são recolhidos nas empresas de tratamento e os recolhidos pelos técnicos responsáveis pela manutenção/instalação desses equipamentos. Isto significa que mais de 90% desses gases foram libertados para a atmosfera.

 

Portugal em incumprimento

Segundo a Zero, “esta situação de total descontrolo da gestão destes equipamentos quando chegam ao seu fim de vida, deve-se essencialmente ao facto de as entidades gestoras responsáveis pelo financiamento da sua recolha não estarem a cumprir a sua missão”. O problema está no facto de os técnicos que fazem a manutenção/instalação dos equipamentos de ar condicionado não receberem apoio destas entidades gestoras para encaminharem corretamente estes resíduos ou os gases neles contidos, pelo que normalmente acabam por enviar os equipamentos para empresas de sucata que lhes pagam pelo metal, mas que provocam a libertação dos gases refrigerantes para a atmosfera.

“Em resumo, os consumidores são obrigados a pagar uma taxa ambiental (ecovalor) quando compram o equipamento de ar condicionado, com o objetivo de financiar a boa gestão deste quando chega ao seu fim de vida, mas as entidades gestoras licenciadas pelo Ministério do Ambiente recebem essa taxa e não estão a dar-lhe o uso para a qual foi criada”, acusa a associação.

A ZERO indica que vai solicitar ao Ministério do Ambiente e da Transição Energética informação sobre como vai ser assegurado o cumprimento das metas de tratar corretamente 65% das unidades de ar condicionado em 2019.





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