Arizona, EUA: 405 mil hectares de floresta cortada para evitar incêndios

No estado do Arizona, nos Estados Unidos, milhares de hectares de floresta vão ser desbastados e abatidos. O objectivo é garantir a saúde das florestas e reduzir o risco de incêndio para as comunidades, criando ainda empregos e melhorando a economia local.
O cheiro a lenha queimada já parece penetrar no Arizona – aqui árvores, madeira e fogo têm uma relação em constante evolução. Rodeada pela Coconino National Forest, a cidade de Flagstaff, no norte do estado, por exemplo, viu 6 mil hectares serem queimados em 2010, com o incêndio Schultz.
Este dano foi relativamente pequeno, em comparação com as inundações que chegavam um mês depois. O fogo tinha despido as colinas de árvores e vegetação e a erosão causada no solo provocou uma inclinação que permitiu às chuvas de Verão empurrar uma avalanche de lama, pedras e outros detritos para junto da comunidade. Nessa altura, uma menina de 12 anos foi morta.
O incêndio, para além das inundações que se seguiram, teve um impacto económico líquido entre os €102 milhões (R$ 267 milhões) e os €113 milhões (R$ 295 milhões), de acordo com um relatório recente.
Nos últimos 25 anos, o Arizona tem sido devastado por uma série de grandes fogos. Desde 1990, cerca de 486 mil hectares de floresta arderam no Arizona.
É assim que nasceu a equipa de restauração das florestas Four Forests Restoration Initiative, também conhecida como 4FRI. Trata-se do maior projecto florestal do país que tem como plano restaurar cerca de 405 mil hectares de floresta ao longo de 20 anos, do Grand Canyon à fronteira do Novo México. Para isso, planeia desbastar os pinheiros dominantes na região e tornar a floresta menos densa.
O Serviço Florestal contratou a Pioneer Forest Products para cortar e processar as árvores das florestas desbastadas. A empresa vai reciclar os troncos de pequeno diâmetro para produtos de madeira – armários, por exemplo – e madeira laminada. Quase 40% servirá de matéria-prima a uma fábrica de processamento em Winslow que vai empregar cerca de 500 pessoas.
A ideia é essencialmente esta: afinar a paisagem para que o denso emaranhado de floresta se transforme apenas em pedaços de árvores, com espaços abertos entre elas. A 4FRI vai actuar nas florestas de Kaibab, Coconino, Apache-Sitgreaves e Tonto.
Outra peça-chave da acção passará por fomentar o crescimento de relvas diversas, as quais queimam rapidamente e minimizam os danos do fogo para o solo. O objectivo não é parar o fogo, mas sim deixá-lo chegar ao chão, segundo Ed Smith, ecologista florestal.
“É inevitável”, diz ele. “A floresta vai arder, por isso temos de encontrar uma forma de fazer isso acontecer de forma segura e eficaz.”
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