Assembleia da República chumba aumento do preço para os sacos de plástico descartáveis
Afinal, e ao contrário do que estava previsto, o Estado já não vai aumentar o preço dos sacos de plástico para 15 cêntimos. PCP, PSD e CDS-PP chumbaram a proposta de aumentar o preço dos atuais oito cêntimos + IVA, para 12 cêntimos + IVA conforme o que estava previsto para o Orçamento de Estado de 2019.
O objetivo de aumentar a taxa seria reduzir o uso dos sacos de plástico, contribuindo para os objetivos Europeus de redução de resíduos de plástico no meio ambiente.
E tal como a Quercus refere, há pouco mais de um mês foi aprovada a proibição do uso de garrafas, sacos e louça de plástico na Administração Pública, uma decisão que vai contra o chumbo agora efetivado.
Na Europa, o preço médios dos sacos de plástico ronda os 18 cêntimos, pelo que o valor estava em sintonia com outros Estados-Membro que ainda vendem sacos de plástico – há outros onde foram banidos, como é o caso de França.
Um passo à frente, dois atrás
A Comissão Europeia anunciou medidas para reduzir o uso de plástico descartável ou uso único, para diminuir a quantidade de poluição presente nos oceanos e promover a Economia Circular, mas por cá parece que continua tudo como antes.
“Em Portugal continuamos a fingir que nos preocupamos com o tema. Os sacos usados são maioritariamente importados, aumentando o impacto ambiental associado à sua produção e transporte, não é incorporada qualquer percentagem de matérias primas recicladas na sua produção, usando unicamente matérias primas virgens e não há apelos à não aquisição destes sacos, na medida em que quando nos dirigimos a um supermercado é nos questionado «precisa de saco?» em vez de ser questionado «trouxe consigo o seu saco?»” acusa a Quercus. A associação acrescenta que “o caminho é a redução da sua utilização até à completa substituição por sacos reutilizáveis, à semelhança da tendência europeia e mundial.”
A Quercus lembra que a reciclagem só por si não vai resolver este problema do uso abusivo dos sacos. “Para isso era preciso haver participação na recolha seletiva (que não ultrapassa os 16,5€) e que tudo fosse reciclado”. Todavia, a reciclagem de resíduos urbanos é de apenas 38% e está longe de cumprir os 50% definidos para 2020.
A Quercus sente-se preocupada com o comportamento dos partidos políticos que chumbaram esta proposta na Assembleia da República, bem com a do Governo, pela falta de compromisso e exemplo. “É triste continuar a ver deputados usando garrafas descartáveis em plena Assembleia da República ou eventos promovidos pela Administração Pública onde se recorre à utilização das mesmas garrafas, curiosamente, proibidas em outubro passado. Ou andamos todos distraídos, ou fingimos que estamos preocupados!”, desabafa fonte da associação.