Autoridades moçambicanas admitem incapacidade de travar poluição de rios

As autoridades da província de Manica, no centro de Moçambique admitiram ontem a incapacidade de travar poluição dos rios causada pela mineração artesanal e industrial na região, pedindo “medidas estruturantes” do Governo central.
“Há aspetos que não pertencem ao nosso nível. Que ultrapassam o nível da província, que ultrapassam o nível do distrito”, disse Lourenço Lindonde, secretário de Estado na província de Manica, durante uma reunião parlamentar provincial.
Segundo o responsável, a solução para a poluição dos rios naquela província requer “muitos cuidados”.
“Hoje em dia o uso da força é caro, a população reage muito mal quando se usa força”, explicou, destacando a necessidade de “medidas estruturantes” para estancar a poluição.
Lourenço Lindonde defendeu ainda que as medidas para resolver o problema devem partir do Governo central de Moçambique.
Em 19 de agosto a Lusa noticiou que as autoridades moçambicanas multaram mais seis mineradoras por poluição, elevando para 11 o número destas empresas penalizadas por crimes ambientais na província de Manica, centro de Moçambique.
“Na semana passada, enquanto realizávamos a reunião nacional de aprimoramento de estratégia para a mitigação dos problemas ambientais, que decorreu aqui na província de Manica, fizemos visitas de campo, onde constatámos que ainda existem empresas que violam a lei”, disse Grácio Cune, inspetor nacional de minas.
Segundo o representante, cada mineradora foi penalizada de acordo com o tipo de infração cometida: “é o que fizemos, conforme manda a lei”.
O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, já havia anunciado em maio a suspensão das atividades de cinco empresas mineradoras na província de Manica, por crimes ambientais e poluição.
Chapo alertou na altura que a poluição dos rios dificulta a atividade agrícola, levando mesmo à morte de animais e pessoas naquela província.
“Por causa do garimpo, todos os rios estão poluídos (…), neste momento suspendemos cinco empresas que estão a cometer este crime ambiental, porque as atividades que estão a realizar estão a estragar o meio ambiente”, disse na altura o chefe de Estado.
O Presidente adiantou que, além da suspensão das atividades, as mineradoras serão obrigadas a pagar multas pelos crimes cometidos.
“Se continuarem a poluir o ambiente, até as máquinas que estão lá vamos recolher e até vender em hasta pública”, declarou o Presidente.