Cérebros dos papagaios podem revelar os segredos da fala

Os papagaios e os humanos podem utilizar mecanismos cerebrais semelhantes para produzir sons complexos, sugere um estudo publicado na revista Nature.
A análise revela uma região cerebral especializada no periquito-australiano – uma espécie de papagaio conhecida por imitar a fala humana – que funciona de forma semelhante às regiões do cérebro humano relacionadas com a fala. Os papagaios podem, portanto, ser um bom modelo para estudar a fala e desenvolver terapias da fala.
A fala humana é uma forma complexa de comunicação, que requer um controlo preciso dos órgãos vocais para produzir palavras. Os seres humanos não são as únicas criaturas capazes de vocalizações; as aves também utilizam esta forma de comunicação, mas de maneiras diferentes. Nomeadamente, os periquitos são capazes de uma série de vocalizações, incluindo a imitação da fala humana, o que leva os investigadores a colocar a hipótese de os processos neurais subjacentes à geração de sons poderem ser semelhantes entre estas aves e os seres humanos.
Zetian Yang e Michael Long estudaram gravações neurais de papagaios e aves canoras para descobrir como a produção vocal é codificada no cérebro.
Os autores descobriram que as duas espécies de aves utilizam regiões diferentes do cérebro para controlar as vocalizações.
Estes conhecimentos sobre a forma como os papagaios aprendem a produzir sequências de sons mais complicadas levantam a possibilidade de os papagaios poderem ser utilizados como modelo para aprender mais sobre a produção da fala e as perturbações da comunicação nos seres humanos, concluem os autores.
A investigação de Yang e Long não só aprofunda a compreensão dos neurocientistas sobre a aprendizagem vocal, como também afirma que ser chamado de “cérebro de pássaro” pode ser, de facto, um elogio”, escreve Joshua Neunuebel num artigo de acompanhamento do News & Views.