Como a China se está a virar para a classe baixa para salvar a economia



Nos últimos anos, o crescimento económico chinês teve duas origens: o número gigantesco de trabalhadores que migraram das zonas rurais para as fábricas e estaleiros de obras das grandes cidades; e a compra de casas e bens por parte da classe social mais abastada do País.

Agora que o segmento mais alto do mercado se encontra saturado, o Governo não tem outra alternativa do que se virar para os cidadãos mais pobres para evitar que a economia imploda. Segundo o Quartz, o Governo chinês está a lançar uma série de medidas para incentivar os trabalhadores mais pobres a comprar casa própria, e assim manter garantir que a economia não colapsa.

“Chegámos a um ponto em que não podemos ignorar a procura da faixa que tem os rendimentos mais baixos, uma vez ela desapareceu no segmento superior”, explicou a analista de investimentos Rosealea Yao, da empresa Gavekal Dragonomics. “Isto irá robustecer o volume de construção, porque se ele cair rapidamente e durante muito tempo a economia vai colapsar, uma vez que um terço do Produto Interno Bruto (PIB) está alicerçado no imobiliário e construção”, continuou a analista.

90 milhões podem mudar de casa

Segundo o Instituto Nacional de Estatísticas (NBS) chinês, apenas 1% dos 270 milhões de trabalhadores migrantes têm casa própria nas cidades onde trabalham. E estes são, sobretudo, empresários que por vezes compram casas e apartamentos como investimentos.

Um dos trabalhadores migrantes que sonha em ter casa própria é Jiang He, de 34 anos, que chegou a Pequim desde a cidade de Xuzhou, na província de Jiangsu, em 2000. “Queria comprar um apartamento com três quartos, porque tenho dois filhos, mas o preço é €275.000”, explicou ao Quartz.

Jian não acredita que as novas medidas dos Governo o irão beneficiar, uma vez que é empreendedor por conta própria. Para ele, o Governo deverá beneficiar sobretudo os trabalhadores de empresas estatais. “Terei de me contentar em arrendar uma casa. Mas isso não me faz sentir pequinês, porque sinto que me posso ir embora a qualquer altura”, concluiu

No entanto, a maioria das casas vazias estão em cidades mais pequenas, sobretudo na área industrial do nordeste e junto à costa. Cidades como Hefei ou Hanzhou têm verdadeiros empreendimentos fantasma agarrados aos seus subúrbios, o resultado de autarquias que viram na construção nova um aumento do PIB e receita extra da venda de terrenos.

Segundo algumas estatísticas, existirão cerca de três mil milhões de metros quadrados de apartamentos por vender na China, o que não demorará menos de três anos a vender, mesmo a um ritmo elevado.

O banco HSBC é mais reservado, falando em 1,8 mil milhões de metros quadrados por vender, mas este número é, ainda assim, suficiente para albergar 90 milhões de pessoas, mais do que a população total da Alemanha.

Dentro de poucos anos, outro problema se colocará: como irá a China evitar o colapso da economia sem casas por vender? Recorde também Dayawan, uma cidade-fantasma construída ao lado de uma central nuclear.

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