Como sobrevivem as lontras marinhas nas águas geladas sem ficarem hipotérmicas?
Muitos dos mamíferos que vivem no oceano, e que durante o Inverno têm de enfrentar águas gélidas, recorrem à gordura corporal para manterem a temperatura interna constante, como é o caso das baleias, morsas, botos, leões-marinhos e muitos outros.
A lontra marinha é também um dos mamíferos que nada em águas geladas no Inverno e para não morrer de frio tem de manter uma temperatura interna de cerca de 37,7 graus Celsius, quase o dobro da temperatura da água onde nada. Mas como faz este animal para manter a temperatura corporal constante e evitar a hipotermia?
Ao contrário dos grandes mamíferos oceânicos, a lontra é pequena, o que significa que está sempre a perder calor. Em termos evolutivos, a lontra é relativamente recente, tendo apenas surgido há 1,6 milhões de anos. Já as baleias surgiram há 50 milhões de anos e os leões-marinhos entre 23 a 29 milhões de anos, o que é tempo suficiente para se adaptarem à vida no oceano.
O segredo das lontras para enfrentarem as baixas temperaturas está no pelo, que é o mais espesso de todos os animais do planeta, cerca de um milhão por 2,5 centímetros quadrados. O pelo, que é à prova de água, permite ainda aprisionar ar perto da superfície da pele, o que ajuda a manter a temperatura e confere o aspecto brilhante característico das lontras quando estão dentro de água.
Foi também este pêlo que quase causou a extinção da espécie. Durante o século XIX as lontras marinhas foram intensivamente caçadas, quase até à extinção, para o fabrico de chapéus e casacos.
Embora a população de lontras tenha recuperado gradualmente ao longo dos anos, a União Internacional para a Conservação da Natureza continua a classificar estes animais com o estatuto de ameaçados. Actualmente, o maior perigo para as lontras não é a caça para a produção de vestuário, já que a espécie é protegida internacionalmente, mas sim os derrames de petróleo.
O petróleo interfere com a impermeabilidade do pelo, além de tornar as lontras doentes devido às toxinas que acabam por ingerir. As lontras marinhas desempenham um importante papel no ecossistema terrestre e mitigam até alguns dos impactos ambientais da actividade humana. As lontras ajudam a proteger as kelp – algas Laminariales, um tipo de algas que pertencem à classe Phaeophyceae – dos ouriços-do-mar, que por sua vez retardam o aquecimento global.
Assim, é importante proteger este animal, não só para que não se extinga mas também para mitigar o aquecimento global.