Conferência Digital “O Amanhã Debate-se Hoje” – Teremos um futuro mais verde?



Realizou-se hoje, dia 25 de junho, a Conferência Digital “O Amanhã Debate-se Hoje“, organizada pelo Jornal de Negócios. Estiveram presentes oradores de diversas empresas e entidades, entre eles, a Comissária Europeia para a Coesão e Reformas,  Elisa Ferreira.

Debateram-se temas como a sustentabilidade, a oportunidade de mudança surgida da crise pandémica e a necessidade de uma recuperação económica mais amiga do ambiente.

Numa primeira fase, debateu-se a temática “Que Sustentabilidade no Next Normal?“, com os oradores Afonso Arnaldo, Partner & Corporate Responsibility & Sustainability Leader da Deloitte, Clara Raposo, Presidente do ISEG, Joana Portugal Pereira, Autora do 6º Relatório de Avaliação (AR6), IPCC, e Investigadora Convidada do Imperial College London, e Jorge Moreira da Silva, Diretor da Cooperação para o Desenvolvimento da OCDE.

Cinco anos depois da definição de 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), o progresso é escasso. A pandemia levou à consciencialização pública da necessidade de mudança de hábitos, a nível individual, empresarial e governamental, tal como à alteração do funcionamento das economias. Existe a necessidade de uma recuperação económica mais verde, e as empresas podem ter um papel fundamental neste aspeto. A atual crise global oferece uma oportunidade de mudança.

A crise levou à aceleração de realidades que já se conheciam: a do teletrabalho, da telescola e do e-commerce. Tudo isto são oportunidades para uma reconstrução mais sustentável, mas com os devidos cuidados, dado que, por exemplo,  a opção pelo  E-commerce, em detrimento das lojas físicas, não significa, necessariamente, que seja sustentável, explica Afonso Arnaldo.

Ainda assim, o Estado é visto como o principal impulsionador, que deve regular os requisitos  a cumprir por “quem produz e presta serviços”, refere Clara Raposo. Também Jorge Moreira da Silva refere que existe uma necessidade de estabelecer políticas públicas baseadas na ciência e não na subjetividade, e que se tem de olhar para a dimensão económica, mas também para a crise climática ambiental, que já existia antes, e para as desigualdades que aumentaram.

Segundo Joana Pereira, a humanidade produz 52 mil milhões de Gases de Efeito de Estufa (GEE), dados presentes no Relatório especial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Este ano, estima-se uma redução mundial de GEE de 7 ou 8%, uma visão otimista mas que é temporária se não se tomarem ações contínuas e globais. Estima-se que 80% do investimento que é necessário para travar a mudança climática tem de ser feito nos países em desenvolvimento, pelo que é urgente a cooperação dos países mais ricos, para combater as desigualdades.

Os oradores concluem que é necessário um financiamento verde e uma tributação por carbono a nível global, de forma a que se pague um preço pelas emissões de CO2 na atmosfera. Porém, esta tributação não pode ser vista como um acréscimo de impostos mas sim como uma substituição dos mesmos de uma forma mais inteligente. “Poluir prejudica a atividade económica e o Planeta” afirma Jorge Moreira da Silva, acrescentando que este imposto “cria condições de competitividade inteligente e sustentável entre as empresas”. “Penalizamos as atividades mais prejudiciais para o ambiente para termos capacidade de beneficiarmos as tecnologias de baixo carbono e práticas mais amigas do ambiente” afirma Joana Pereira.

Elisa Ferreira, explica que a Comissão Europeia já tinha desenvolvido projetos como o Green Deal (Pacto Verde), mas que perante a crise pandémica, teve de agir de imediato. Foram assim criadas novas flexibilidades e propostas alterações legislativas em apenas duas semanas, “18 mil milhões de euros disponíveis em liquidez e mais de 50 mil milhões de euros em termos de capacidade de realocar por parte dos Estados Membros para despesas de saúde, apoiar pequenas e médias empresas, etc.” Foram lançados também programas como o REACT-EU e o Recovery and Resilience Facility. A Comissária explica que se pretende que estes fundos sejam usados para uma recuperação mais sustentável e em projetos não poluentes.

Num segundo período, o tema foi “Somos (In)Sustentáveis?“, com os oradores António Castro, Director Geral da EDP Sustentabilidade e Risco, António Ferreira, Presidente e Managing Director da Claranet Portugal, e Luís Urmal Carrasqueira, Managing Director da SAP Portugal.

A EDP tem um investimento anual de mil milhões de euros, 75% do qual se destina às energias renováveis, e António Castro defende que a empresa vai continuar a estabelecer metas para atingir os 90% de funcionalidade renovável. As fontes de energia renovável (solar e eólica) são não só mais eficientes, como as mais económicas de produzir. O próximo passo para criar uma mudança, está na implementação de energias renováveis no Hemisfério Sul.

Os recursos naturais do Planeta tendem a esgotar-se com o aumento contínuo da população. Com a evolução da tecnologia e a digitalização, desenvolvem-se novos produtos essenciais à vida do ser humano menos nocivos para o ambiente. Com o crescimento de grandes empresas tecnológicas, estas devem primeiras a dar o exemplo, na forma como atuam.

Por último, João Carlos Frade, Partner & Head of Operational Risk da Deloitte, empresa parceira desta iniciativa do Jornal de Negócios, apresentou o Prémio Negócios Sustentabilidade 20 | 30.  Este galardão pretende promover e divulgar os melhores projetos, em Portugal, nas diversas áreas relacionadas com a sustentabilidade, a nível social, económico e ambiental.





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