Consumo de soja na China impacta agricultura global

As importações de soja na China deverão crescer 4,2% até Setembro, levando o país a comprar 61,7 milhões de toneladas métricas. Segundo o Planeta Sustentável, isto deve-se ao facto de os chineses estarem a comer muito mais carne, especialmente carne de porco.

Estes animais são alimentados com soja. “A verdadeira questão, nos últimos 15 anos, não é como alimentar os chineses, mas como alimentar os seus porcos”, explica Josef Schmidhuber, vice-director de estatística da FAO.

Até agora, a criação de animais na China dava-se de forma essencialmente doméstica. Hoje, com a migração maciça de populações do campo para cidades, a produção foi industrializada e concentrada nas mãos de grandes empresas.

Quase 60% de toda a soja que entra no comércio internacional vai parar na China, o que a torna de longe na maior importadora. A soja foi domesticada há três mil anos por agricultores do leste da China, mas apenas depois da Segunda Guerra a planta ganhou importância agrícola.

O aumento anual da procura reflecte a descoberta, por nutricionistas, de que a combinação de 1 parte de soja com 4 partes de grãos, geralmente milho, em rações, iria aumentar acentuadamente a eficiência com que gado e frangos converteriam grãos em proteína animal. O apetite chinês por carne, ovos e leite fez com que o consumo de soja explodisse.

Em 1995, a China produzia 14 milhões de toneladas e consumia a mesma quantidade. Em 2011, ainda produzia 14 milhões, mas consumia 70 milhões, o que significa que tem de depender muito de importações. O não-crescimento da produção reflecte a decisão política de dar preferência à plantação de grãos.

O principal efeito da grande alta do consumo mundial de soja tem sido uma reestruturação da agricultura no Ocidente. Nos Estados Unidos, há hoje mais terra para soja que trigo. No Brasil, segundo produtor mundial, a área de soja excede a de todos os grãos combinados. Por outro lado, a Argentina encontra-se sob risco de ver seu território transformado numa vasta monocultura.