Dia Mundial da Água: O desperdício alimentar também significa desperdício de água
No Dia Mundial da Água (22 de março), a aplicação Too Good To Go, empresa de impacto social por detrás do maior mercado mundial de excedentes alimentares, sensibiliza as pessoas relativamente ao impacto do desperdício alimentar nos recursos de água doce, assim como o simples gesto de salvar alimentos pode desempenhar um papel significativo na valorização dos nossos recursos limitados e ter um impacto positivo no planeta.
Segundo a mesma fonte, à medida que a escassez de água continua em muitas partes do mundo, o Dia Mundial da Água está a tornar-se cada vez mais importante. De facto, no caso de Portugal, de acordo com o índice PDSI, Palmer Drought Severity Index, resumido pelo IPMA, Monitorização da Seca Meteorológica, no final de fevereiro verificou-se um aumento das áreas em seca fraca e seca moderada na região Sul. Além disso, os últimos anos têm sido particularmente secos para Portugal. As situações de seca são frequentes em Portugal Continental, com consequências gravosas, particularmente na agricultura e na pecuária, nos recursos hídricos e no bem-estar das populações. Em 2017, a 31 de outubro, numa situação pouco habitual, 25% do território estava em seca severa e 75% em seca extrema.
“O Dia Mundial da Água é uma oportunidade para pensar e refletir sobre como e onde utilizamos os nossos recursos hídricos”, sublinha a empresa.
Uma única maçã requer aproximadamente 125 litros de água para crescer
A mesma fonte acrescenta que a produção global de alimentos consome uma elevada quantidade de água, estimada em cerca de 70% dos recursos mundiais de água doce, e o desperdício alimentar global representa 24% de toda a água utilizada na agricultura, de acordo com o relatório da FAO de 2013. “Isto realça a necessidade de reduzir o desperdício alimentar para ajudar a conservar este precioso recurso”.
Por exemplo, uma única maçã requer aproximadamente 125 litros de água para crescer (Water Footprint), e se essa maçã for desperdiçada, toda água utilizada na sua produção também será desperdiçada. Abordar a ligação água-alimentos “exigirá um esforço de colaboração entre governos, organizações da sociedade civil e o setor privado, juntamente com investimentos sustentados na investigação e desenvolvimento de sistemas sustentáveis de água e alimentos”.
“Reduzir o desperdício alimentar e promover o consumo sustentável é o cerne da missão da Too Good To Go. Estamos conscientes do impacto significativo que o desperdício alimentar tem em vários recursos. Ao evitar o desperdício de alimentos, a comunidade Too Good To Go pode não só ajudar a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa associadas à produção alimentar, mas também contribuir significativamente para a conservação dos recursos hídricos”, afirmou Mariana Banazol, Diretora de Marketing da Too Too Good To Go em Espanha e Portugal.
Os excedentes alimentares não só desperdiçam recursos valiosos como água, terra e energia, como também agravam as emissões de CO2e. (WWF 2021; IPCC 2021).
O recente marco de 200 milhões de Surprise Bags salvas demonstra como as empresas podem desempenhar um papel vital na abordagem das questões mais prementes do mundo e ter um impacto positivo no planeta. Evitar o desperdício desta quantidade de alimentos (200 milhões de refeições) é equivalente a 500.000 toneladas de CO2e. “Isto é uma prova tangível de como 134.000 estabelecimentos e 75 milhões de utilizadores registados da app da Too Good To Go ajudaram a ter um impacto significativamente positivo no planeta. E, no caso de Portugal, a comunidade já é constituída por mais de 1,5 milhões de utilizadores em apenas três anos que, juntamente com 3.700 estabelecimentos em todo o país, já salvaram mais de 2,6 milhões de Surprise Bags”.
Pegada hídrica escondida na nossa alimentação
A Too Good To Go explica que a pegada hídrica “pode variar de acordo com o local de produção e os métodos utilizados, mas dá uma ideia da quantidade significativa de água necessária para produzir alimentos”.
Estes são apenas alguns exemplos, mas ilustram como diferentes tipos de alimentos têm uma pegada hídrica muito diferentes. “Ao estarmos conscientes da quantidade de alimentos que desperdiçamos, podemos ajudar a conservar estes preciosos recursos hídricos e garantir que sejam utilizados da forma mais eficiente possível”.
Café: Uma chávena típica de café (125 ml) requer aproximadamente 140 litros de água, principalmente para cultivar a planta do café e processar os grãos.
Leite: A produção de um litro de leite requer cerca de 1.000 litros de água. Esta água é utilizada para os bebedouros de animais, produção de rações e instalações de processamento.
Banana: Desperdiçar uma banana é o equivalente a tomar um duche durante 10 minutos.
Chocolate: Para produzir 1 kg de chocolate são necessários cerca de 17.000 litros de água, a maioria dos quais é utilizado para cultivar e processar as sementes de cacau.
Arroz: O arroz é um alimento básico para milhares de milhões de pessoas e o seu cultivo requer muita água. São necessários cerca de 2.500 litros de água para produzir 1 kg de arroz.
Ovos: Os ovos são um produto muito popular na cozinha. Um ovo de 60 gramas tem uma pegada hídrica de cerca de 200 litros.
Abacate: O abacate é uma cultura muito intensiva em água, requerendo cerca de 2.000 litros de água para produzir 1 kg da fruta.
Baguete: Uma baguete tradicional francesa tem uma pegada hídrica de 155 litros de água. (Water Footprint)
Com 40% de todos os alimentos a acabarem por ser desperdiçados, o desperdício alimentar tem um enorme impacto sobre o ambiente. Ao capacitar indivíduos e empresas a unirem esforços na ajuda contra o desperdício alimentar, a comunidade Too Good To Go “tem cada vez mais um impacto positivo na desaceleração do aquecimento global, uma vez que o desperdício alimentar representa 10% de todas as emissões de GEE a nível mundial”, salienta. Num mundo onde 828 milhões de pessoas passam fome todos os dias e o desperdício alimentar é avaliado em mais de 1,3 milhões de biliões de dólares por ano a nível global, “é importante solucionar o problema do desperdício alimentar com impactos positivos a vários níveis, incluindo o ambiente, a economia e a sociedade”, conclui.