Ecoturismo de tubarões pode ter um efeito negativo no seu comportamento
O ecoturismo de tubarões – em que as pessoas pagam para nadar com tubarões selvagens – pode aumentar a probabilidade de os tubarões-baleia (Rhincodon typus) apresentarem padrões de comportamento perturbados, semelhantes aos movimentos rápidos em ziguezague associados à fuga de predadores, sugere um artigo publicado na revista Scientific Reports.
Os resultados sugerem que o ecoturismo “pode ter um efeito significativo no comportamento de procura de alimentos e, potencialmente, de reprodução dos tubarões-baleia”.
O ecoturismo de tubarões é uma indústria multimilionária, mas os seus potenciais impactos ecológicos ainda não são bem conhecidos.
Estudos anteriores demonstraram potenciais ligações entre o ecoturismo de tubarões e a diminuição do número de espécies de tubarões encontradas nalguns locais de ecoturismo, mas os estudos sobre os efeitos do ecoturismo no comportamento dos tubarões ainda não são claros.
Joel Gayford e colegas analisaram 39 vídeos aéreos de tubarões-baleia na Baía de La Paz, no México, para avaliar se o comportamento dos tubarões se alterava na presença de um nadador que imitava o comportamento dos ecoturistas (20 vídeos) em comparação com os tubarões que nadavam isoladamente (19 vídeos).
Os autores observaram um aumento dos padrões de comportamento perturbado quando o nadador estava presente, o que faria com que os tubarões gastassem mais energia do que quando nadavam isoladamente. Esta mudança de comportamento “pode potencialmente dificultar a procura de alimentos pelos tubarões-baleia e pode mesmo afetar o sucesso reprodutivo”, explicam.
Estas conclusões sugerem que os operadores de ecoturismo de tubarões “devem ser encorajados a avaliar o estado comportamental de cada tubarão antes de permitir a entrada de nadadores na água e que a distância mínima regulamentada entre tubarões e turistas deve ser revista”. Os autores sugerem também que “devem ser efetuados mais estudos sobre o impacto ecológico do ecoturismo de tubarões, a fim de avaliar corretamente as consequências do sector para as diferentes espécies”.