Entrevista: Como o Zaask quer impor a meritocracia no mercado de trabalho (e ajudá-lo a melhorar o orçamento doméstico)



Depois desta crise económica, o mercado de trabalho nunca mais será o mesmo. Na verdade, esta sensação já se sente hoje em Portugal, à medida que a taxa de desemprego sobe para números recorde e perigosamente parecidos com os espanhóis e os cidadãos procuram novos horizontes em áreas que não são, originalmente, as da sua formação ou experiência.

Caso seja um deles, então sites como o Zaask podem ser a solução para compor o seu orçamento doméstico. O Zaask é uma plataforma que vai ligar os desempregados – ou, na verdade, qualquer pessoa que queira uma fonte extra de rendimento ou um novo desafio – a pessoas que precisam de pequenos “favores”: ajuda para ir ao supermercado, trabalhos de costura, bricolages caseiras (quem é que nunca precisou de um especialista para arranjar estores?) ou de um mecânico, por exemplo.

O Green Savers entrevistou Luís Pedro Martins, o empreendedor que, juntamente com Saurabh Khanna, está a lançar o projecto e explica-lhe porque razão eles acreditam que o Zaask pode movimentar €100 milhões (R$253 milhões) até 2015.

O projecto, que se baseia nos askers – que precisam ajuda – e os taskers – os ajudantes –, já arrancou numa fase Beta e tem hoje 2.000 inscritos. Nada mau para quem não fez publicidade e está ainda numa fase embrionária.

Como surgiu a ideia de lançarem o Zaask?

Durante vários anos trabalhei com metodologias de optimização de processos. Basicamente, o que eles faziam era eliminar desperdício dos processos de trabalho das empresas. Nessa altura pensava que teria de haver uma forma de eliminar as tarefas que não acrescentam valor à vida das pessoas. Há uns meses atrás, com a experiência que ganhei no negócio da internet, juntei uma coisa à outra e começou a Zaask.

Quantos taskers já têm registados e, assim, quando esperam chegar os 500 e arrancar oficialmente o projecto?

Neste momento já estamos com perto de 4.000 pessoas registadas como Taskers e mais de 1.000 Askers. Também já arrancámos com a fase de Teste Beta, ou seja, a plataforma já está a funcionar mas ainda limitada no número de utilizadores. O objetivo desta fase é ouvir, ouvir, ouvir feedback dos utilizadores e ajustar a plataforma de acordo com este mesmo feedback.

Durante os próximos dias vamos abrindo a plataforma a cada vez mais pessoas até estar completamente aberta ao público, o que deverá acontecer na última semana de Maio.

Como vão rentabilizar o Zaask, ou seja, qual o modelo de negócio?

É um fee por cada transacção.

Quais são os vossos concorrentes? (empresas de trabalho temporário, etc?)

Com um modelo igual, não temos concorrência em Portugal. Mas obviamente temos concorrentes com outros modelos como por exemplo os classificados ou empresas de trabalho temporário.

Mas este modelo tem várias vantagens comparado com os outros modelos:

  • Com um passo só consegue-se obter várias propostas para um determinado serviço, permitindo compará-las, poupando tempo a quem compra, pois não tem que ligar um a um até encontrar quem lhe agrade;
  • É um sistema tipo leilão em que os concorrentes não vêem o preço entre si e no qual o cliente tem toda a informação, o que irá reduzir bastante o preço e aumentar a qualidade dos serviços fornecidos;
  • É uma plataforma sem custos operacionais fixos, pelo que o custo do intermediário é muito reduzido, beneficiando a todos. O aumento da eficiência por este factor mais do que compensa a redução do preço do ponto acima (do ponto de vista dos Taskers);
  • É um sistema de meritocracia onde a qualidade e o preço ganham as propostas e não outras questões, como por exemplo quem tiver mais dinheiro para publicidade. Na Zaask todos têm as mesmas oportunidades e tudo está nas mãos de quem quer trabalhar.
  • O cliente tem muito mais informação sobre os fornecedores na hora de decidir, devido ao esquema de classificações do historial de trabalhos. Terá ainda acesso a um conjunto de outra informação, nomeadamente a coordenação com as redes sociais ou a verificação da identidade. Isto aumentará a confiança quando comparado com qualquer outro modelo.

Este é um projecto que aposta na crise económica para ser bem sucedido. Concordam?

As crises trazem muitas oportunidades. A questão é que são oportunidades diferentes e é necessária adaptação das empresas e pessoas. No entanto, e enquanto isso não acontece, há muito talento desaproveitado.

Na Zaask, quem diz o que precisa são os clientes (Askers). Os Taskers deverão, depois, adaptar-se às solicitações e pôr à prova o seu talento.

Não diria que este projecto se aproveita da crise mas antes que dará a ferramenta para que a adaptação seja mais rápida, e que, de alguma forma, ajude a superar a crise mais rapidamente também. Acreditamos que este é um modelo de futuro.

Sendo óbvio que terão vários taskers registados, o que vos leva a pensar que terão outros tantos askers?

De forma a garantir sempre uma resposta de qualidade aos Askers, o número de Taskers terá que ser sempre bastante superior.

As necessidades das pessoas e empresas existem e a pergunta deve ser mais no sentido de perceber se este modelo tem vantagens comparado com os actuais. E a resposta a esta pergunta foi dada a duas perguntas atrás, onde se identificaram as respectivas vantagens

Quanto investiram neste projecto e quando esperam atingir o break-even?

Para já só investimos o nosso tempo, para além dos custos de abertura de empresa.

Quanto esperam facturar, por ano, com o Zaask?

Depende muito da nossa capacidade de expandirmos para outros países. Mas acreditamos que chegaremos aos €100 milhões (R$253 milhões) em transacções nos próximos 2/3 anos.

Receberam alguma ajuda, financeira ou operacional, na construção deste projecto? Para já, ainda não.

Como vão resolver a questão dos impostos nos serviços/taxas cobradas aos utilizadores do site?

Simples. Nós passamos uma factura do nosso fee ao Tasker e pagaremos imposto sobre este valor. Apesar do Asker pagar ao Tasker via a nossa plataforma, a questão fiscal é entre ambos.

Têm outras ideias de negócio e empreendedorismo na calha?

Temos vários, mas temos que nos manter focados!

Qual o vosso passado profissional e que conselho dariam a quem quiser arrancar com um projecto em nome próprio?

Eu tenho experiência de mais de 10 anos nas indústrias da consultoria, petróleo e gás, retalho, internet e telecomunicações. Os meus sócios têm muita experiência na área das tecnologias informáticas.

Dou dois conselhos a quem está a começar. Um: consigam dizer numa frase qual o problema que estão a resolver; dois: falem com o maior número de pessoas possível sobre essa mesma ideia.





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