Estimativa para gigantes tecnológicas serem neutras em carbono é irrealista por causa da IA



Apple, Google, Microsoft, Meta e Amazon prometeram ser neutras em carbono dentro de cinco a 15 anos, mas estes compromissos, assumidos antes da explosão da inteligência artificial (IA), não têm credibilidade devido ao colossal consumo de eletricidade.

As conclusões são de um estudo conduzido por especialistas em compromissos climáticos corporativos do NewClimate Institute e do Carbon Market Watch.

Estas metas baseiam-se em metodologias de cálculo já obsoletas e “não parecem estar fundamentadas na realidade”, frisou Thomas Day, do NewClimate Institute, à agência France-Presse (AFP).

A Microsoft, a Meta e a Amazon receberam uma classificação “má” pela integridade da sua estratégia climática, enquanto as emissões da Apple e da Google são consideradas “moderadas”.

A principal fonte de gases com efeito de estufa neste setor é a produção de eletricidade para ‘data centers’, que fornecem o poder computacional para agentes conversacionais de IA como o ChatGPT da OpenAI.

No entanto, isto aumentou exponencialmente em vez de diminuir e as emissões de CO2 associadas à eletricidade consumida pela Google quase duplicaram entre 2019 e 2023, de acordo com um método de cálculo considerado mais preciso e extraído dos seus próprios relatórios ambientais anuais.

“Há muito investimento em energias renováveis, mas, no geral, isso não compensa a sede do setor pela eletricidade”, destacou Thomas Day.

Certamente, empresas como a Google investiram massivamente para garantir que a sua eletricidade provém de fontes de baixo carbono (solar, eólica, nuclear, etc.).

Mas os dois ‘think tanks’ sugerem também a utilização de energia renovável para os centros de dados dos fornecedores de serviços destas empresas.

Estudos estimam que metade da capacidade computacional dos ‘data centers’ das empresas tecnológicas provém de subcontratados, mas muitas empresas não contabilizam estas emissões, frisaram os autores desta investigação.

O mesmo se aplica a toda a cadeia de fornecimento de infraestruturas e equipamentos, que representa pelo menos um terço da pegada de carbono das empresas tecnológicas, segundo os especialistas.

Apenas a Apple pretende atingir os 100% de energia renovável em toda a sua cadeia de valor até 2030, enquanto as restantes ainda não formularam metas quantificadas, observam.

Prolongar a vida útil e a proporção de componentes reciclados em dispositivos eletrónicos são outras soluções promovidas pelo estudo.






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