Freira da Madeira: uma das aves marinhas mais raras do mundo
A Freira da Madeira (Pterodroma madeira) é uma ave marinha pelágica da família dos Procelariídeos, endémica da Ilha da Madeira.
Sendo uma das aves marinhas mais raras do Mundo e das mais ameaçadas da Europa, esteve praticamente extinta até aos finais da década de 1960, e atualmente tem uma população mundial estimada de apenas 65 a 80 casais. A escolha do nome desta ave surgiu de forma curiosa.
Quando visita os locais de nidificação durante a noite, a Freira da Madeira emite chamamentos semelhantes a uivos e, durante muitos anos, estes sons foram interpretados pela população do Curral das Freiras como sendo gritos de ajuda das almas penadas das freiras que outrora se refugiavam, naquele local, dos ataques de piratas à ilha. Esta espécie atinge cerca de 34 centímetros de comprimento, apresentando plumagem cinzento-escura no dorso e nas asas e esbranquiçada no ventre. As asas são muito longas em relação ao comprimento corporal, o que lhe confere um visual peculiar.
A ave chega à Madeira para nidificar em finais de março, sendo a área de nidificação muito restrita no Maciço Montanhoso Oriental, mais precisamente em pequenos patamares acima dos 1600 metros de altitude, localizados entre o Pico do Areeiro e o Pico Ruivo. A Freira da Madeira abandona a colónia entre setembro e outubro e, durante o resto do ano, anda pelo mar à procura de alimento, de acordo com os seus hábitos pelágicos. No passado esteve praticamente extinta devido a três fatores: o aumento dos predadores, nomeadamente gatos e ratos; a erosão provocada por herbívoros introduzidos pelo Homem – coelhos, ovelhas e cabras – e a coleta de aves e ovos por colecionadores e curiosos.
As diversas campanhas de controlo destas ameaças, realizadas desde 1987, coordenadas pelo Freira Conservation Project com o apoio do Parque Natural da Madeira e do Museu Municipal do Funchal, terão permitido a recuperação do habitat de nidificação e da população desta espécie, apesar de o número de casais contabilizados ainda ser muito reduzido.
A partir de 2001, ao abrigo de um projeto LIFE-Natureza, foi iniciada a recuperação do habitat e consequentemente das zonas de nidificação, através da retirada do gado aí existente. Atualmente está identificada como “Em Perigo” no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal.