Girafa sem manchas avistada pela primeira vez em meio selvagem
No final do passado mês de agosto, o nascimento de uma girafa sem manchas num parque zoológico nos Estados Unidos da América (EUA) captou a atenção do mundo. Na altura, foi considerada a primeira girafa a nascer sem o padrão reticulado que distingue esses animais tão icónicos da fauna africana.
Mas poucas semanas depois, a história voltou a repetir-se. Na região centro da Namíbia, numa reserva privada de vida selvagem, o Mount Etjo Safari Lodge, outra cria de girafa, uma fêmea, sem manchas foi avistada, desta vez em meio selvagem.
De acordo com a organização conservacionista Giraffe Conservation Foundation, essa cria, da subespécie Giraffa camelopardalis angolensis, ou girafa-de-angola, é a primeira a ser documentada na Natureza, isto é, fora de parques zoológicos.
Segundo as informações divulgadas, esse é um “fenómeno raro”, sendo que o primeiro registo data de 1972, num zoo no Japão, e o mais recente no zoo norte-americano, em agosto deste ano. Apesar de despertar a nossa atenção e de estimular a imaginação, os especialistas dizem que ainda não se sabe ao certo quais poderão ser as causas dessa falta de manchas.
Julian Fennessy, cofundador e diretor de conservação da Giraffe Conservation Foundation, sugere que tal poderá dever-se a mutações genéticas ou a genótipos recessivos em um ou mais genes relacionados com a expressão das manchas, “mas sem análises genéticas detalhadas, não passa de mera especulação”.
Por sua vez, Stephanie Fennessy, diretora-executiva da organização, e também cofundadora, adota uma perspetiva mais prática: “Talvez não precisemos sempre de ter explicações para tudo. Por que não nos deixamos apenas maravilhar-nos pela natureza?”.
Para a responsável, estes eventos raros de nascimentos de girafas sem as manchas características devem servir para chamar a atenção da humanidade para as ameaças que esses animais enfrentam.
“As girafas estão em apuros e, se não agirmos já, os nossos netos podem mesmo chegar a não ver nenhuma girafa na natureza quando crescerem”, alerta. Estima-se que existam hoje apenas 117 mil girafas em África, sendo que já foram extintas em pelo menos sete países do continente.