Greenpeace pede à COP29 “financiamento climático equitativo” para África
A organização ambientalista Greenpeace apelou ontem aos negociadores africanos que garantam um “financiamento climático equitativo” para a África na Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP29), a realizar na capital do Azerbaijão, em novembro deste ano.
“Para que a COP29 seja bem sucedida, é necessário estabelecer um novo objetivo coletivo, quantificado, ambicioso e baseado nas necessidades de financiamento do clima”, afirmou um dos responsáveis da Greenpeace África, Amos Wemanya, numa conferência de imprensa em Nairobi.
Entre as exigências apresentadas pela organização está o impulso para um Novo Objetivo Coletivo Quantificado e Quantificado (NCQG) que dê prioridade ao aumento do financiamento público para a mitigação das alterações climáticas e que não conduza à acumulação de dívida e “sobrecarregue ainda mais as economias africanas”.
O NCQG, que foi definido no Acordo de Paris (2015), estabeleceu uma nova meta financeira na COP21 para apoiar os países em desenvolvimento nas suas ações climáticas pós-2025.
Trata-se de um imposto sobre danos climáticos que, segundo o Greenpeace, seria cobrado às empresas que extraem combustíveis fósseis como estratégia para gerar receitas que possam ser aplicadas em projetos que reduzam o impacto das alterações climáticas.
“Poderíamos mobilizar até 900 mil milhões de dólares [806 mil milhões de euros] através de impostos sobre os danos climáticos”, disse Fred Njehu, cientista político pan-africano da Greenpeace, que insistiu na necessidade de um financiamento justo e equitativo que responda às necessidades de África.
A responsável pelas campanhas em África da Oil Change International, uma organização não-governamental que investiga o custo climático dos combustíveis fósseis, Charity Migwi, alertou no evento para o facto de o NCQG implicar que o financiamento não deve ser investido em “distrações perigosas” que são caras, especulativas, e que normalmente servem para prolongar a vida dos ativos dos combustíveis fósseis.
Além disso, o impacto das alterações climáticas também se repercute nas populações locais, sublinhou Antony Madilschy Otieno, voluntário da Greenpeace África e residente em Mai Mahiu, uma aldeia no sudoeste do Quénia atingida pelas chuvas do El Niño este ano.
“O que aconteceu na madrugada de 29 de abril de 2024 na zona de Mai Mahiu não pode voltar a acontecer”, disse Otieno, referindo-se às inundações que mataram pelo menos 71 pessoas, culpando as emissões excessivas de gases com efeito de estufa causadas pela produção de combustíveis fósseis por estes fenómenos meteorológicos.
A COP29 terá lugar de 11 a 22 de novembro em Baku e, com base no trabalho de cimeiras anteriores e na sequência da Declaração da COP28 do Dubai sobre Clima, Assistência, Recuperação e Paz, procurará manter a tónica na importância da prevenção de conflitos e do apoio a algumas das populações mais vulneráveis.