Incêndios em Portugal



Portugal está a viver uma das maiores tragédias dos últimos anos. O grande fogo de Pedrogão Grande que matou dezenas de pessoas teve causas naturais, mas podia ter sido contido. Não está aqui em causa o enorme e louvável esforço de todos quantos se envolveram no combate às chamas, ou sequer avaliar a actuação do trabalho da Protecção Civil, bombeiros e forças de segurança. Mas é importante referir que as alterações climáticas fazem com que este tipo de cenários se tornem cada vez mais frequentes, pelo que a prevenção se torna absolutamente vital. 

Cenários futuros de alterações climáticas sugerem a ocorrência de períodos de chuva mais intensos e Verões mais quentes e secos, o que significa mais condições para crescimento da vegetação e acumulação de combustível e melhores condições para a ignição de fogos. Paralelamente, o despovoamento do interior do país e o consequente abandono de actividades rurais impede que o território seja gerido de forma a que se torne mais diverso e resistente a este tipo de perturbações catastróficas, como os grandes incêndios.

Ainda ontem, em Espanha, um relatório alertava para o facto de 70% do território correr o risco da desertificação, e apontava precisamente como uma das principais causas um planeamento deficiente ou errado. Em Portugal, o cenário não é diferente. E no caso das florestas a má planificação é evidente, tendo-se optado nos últimos anos por uma exploração económica baseada nas florestas de eucaliptos e, sobretudo, abandonado os bosques de sobreiro, que funcionam como um importante instrumento de prevenção contra a desertificação. De facto, desde que adequadamente geridos, estes sistemas geram níveis elevados de biodiversidade, melhoram a matéria orgânica dos solos, contribuem para a regulação do ciclo hidrológico e impedem a sua degradação.

Além disso, um correcto planeamento florestal, com bons acessos e zonas de tampão, pode impedir os fogos de alastrar até atingir dimensões catastróficas. O modelo não é novo, como se pode ver por este pequeno vídeo da WWF – World Wide Fund for Nature:





Notícias relacionadas



Comentários
Loading...