Incêndios florestais afetaram qualidade da água do Mondego



Um estudo levado a cabo por uma equipa de investigadores do Centro de Estudos Sociais (CES) e do Departamento de Ciências da Terra (DCT) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) chegou à conclusão de que os incêndios florestais ocorridos em Portugal em 2017 tiveram impacto na qualidade da água da bacia hidrográfica do rio Mondego.

O estudo mostra que se registou um aumento considerável de alumínio, ferro e manganês nas águas, mas não há risco para a saúde pública.

Entre novembro de 2017 (um mês após os incêndios) e junho deste ano, os investigadores monitorizaram dez pontos de amostragem de sete linhas de água da bacia hidrográfica do rio Mondego, que foi afetada em cerca de 30% de área ardida, para detetar e avaliar quais as alterações nas propriedades da água, assim como o tipo de sedimentos formados após os incêndios.

Verificou-se que «as águas do Mondego e alguns dos seus efluentes têm uma grande quantidade de sedimentos em suspensão (constituintes do solo, por exemplo, cinzas) e turbidez relativamente elevada», assinala Alexandre Tavares, docente da FCTUC e coordenador do estudo, esclarecendo que as análises realizadas evidenciaram «um aumento considerável de alumínio, ferro e manganês, associados à fração argilosa dos solos após períodos de chuva, o que aponta para a mobilização e erosão dos solos e introdução desses elementos nas linhas de água.»

Ou seja, explicita, «os vários resíduos resultantes da combustão, nomeadamente cinzas, associados aos constituintes resultantes da erosão e mobilização dos solos, vão ser transportados para as linhas de água, o que origina o aumento da concentração destes elementos químicos – alumínio, ferro e manganês.»

No entanto, enfatiza Alexandre Tavares, «positivamente observa-se que os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, substâncias com propriedades carcinogénicas, mutagénicas e teratogénicas, que podem ser formadas durante o processo de combustão de matéria vegetal, apresentam valores muito residuais, chegando mesmo a não ser encontrados, não pondo em risco a saúde pública.»

 

 





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