Indústria da pasta de papel queima grandes quantidades de madeira na UE



Milhões de metros cúbicos de madeira das florestas e plantações da União Europeia (UE) estão a ser queimados pela indústria de pasta de papel, indica um relatório divulgado hoje.

Os autores do relatório estimam que a indústria será responsável pela queima anual de 45 milhões de metros cúbicos de madeiras das florestas europeias.

Publicado no Dia Internacional das Florestas, que se assinala hoje, o documento é da responsabilidade das organizações internacionais “Biofuelwatch” e “Environmental Paper Network International”, com o apoio de oito organizações ambientais nacionais (Suécia, Finlândia, Alemanha, Espanha e Portugal).

A informação foi hoje divulgada pela associação ambientalista Quercus, uma das organizações portuguesas (além da Acréscimo e IRIS) que fez parte da rede que apoiou o relatório que, diz a organização “expõe a dimensão em que os principais produtores de pasta de papel da UE geram e vendem energia produzida a partir da queima de madeira extraída diretamente de explorações florestais”.

O relatório, explica a Quercus em comunicado, analisa os cinco maiores produtores de pasta de papel da UE – Suécia, Finlândia, Portugal, Alemanha e Espanha – e conclui que, com exceção da Alemanha, a indústria da pasta e do papel é a principal força motriz do setor de bioenergia.

Nos maiores países produtores de pasta de papel, o relatório estima que ”mais de um quinto da madeira extraída diretamente das explorações florestais que é queimada para produção de energia pode ser atribuída à indústria da pasta de papel, sendo queimado, em média, um metro cúbico de madeira por cada tonelada de pasta produzida”.

Segundo os autores, os 45 milhões de metros cúbicos de madeira equivalem a 17% de toda a biomassa lenhosa primária queimada para produção de energia na UE em 2021.

“Em vez de ser um uso sustentável, de baixo carbono e eficiente da biomassa, o aumento da capacidade de produção de energia a partir de biomassa nas fábricas de pasta de papel em toda a UE está a resultar na extração de quantidades cada vez maiores de madeira das florestas e plantações. Isto significa mais emissões de carbono, e não menos, contribuindo para a alarmante redução do sumidouro de carbono florestal da UE”, alerta Almuth Ernsting, co-diretora da “Biofuelwatch”, citada no comunicado da Quercus.

Os autores do relatório fazem três recomendações principais aos decisores políticos da UE, uma delas acabar com subsídios, incentivos e financiamento público para a produção de energia a partir de biomassa.

Defendem também que se aumente a transparência e informação sobre as cadeias de abastecimento e fontes de biomassa que os produtores de pasta de papel usam, e que na questão da procura de energia pela indústria se reduza a produção em vez de se aumentar a geração de energia a partir da biomassa.

Mateus Carvalho, da “Environmental Paper Network International”, também citado no comunicado, afirmou que a venda de eletricidade para a rede pública a preços subsidiados é um dos principais impulsionadores da queima de biomassa nas fábricas de pasta de papel.

E acrescentou: “Mas mesmo que os subsídios terminassem, a produção de pasta e papel continuaria a exigir quantidades enormes de eletricidade e calor. Reduzir drasticamente os níveis de produção, especialmente de produtos de curta duração, como embalagens descartáveis, é a forma mais eficaz de reduzir a demanda energética da indústria da pasta de papel e, consequentemente, a quantidade de biomassa extraída das florestas e queimada”.





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