Jaime Lerner no Green Festival: mudar as cidades, mudar o mundo



Um auditório cheio no Centro de Congressos do Estoril apadrinhou mais uma vista de Jaime Lerner a Portugal, desta vez para ser o principal protagonista da conferência sobre cidades sustentáveis, que marcou o primeiro dia do evento da sustentabilidade.

Humor, engenharia, inovação e, sobretudo, obra feita, foi a receita de Lerner para captar a atenção – e mais tarde o entusiasmo – dos mais de 300 presentes na conferência.

Deixando de lado o politicamente correcto e repassando alguns dos seus projectos passados, actuais e futuros, Lerner começou por deixar um recado aos autarcas. “Sempre que projectamos a tragédia, encontramos a tragédia”, explicou, referindo-se aos políticos e autarcas que se lamentam com a falta de dinheiro, falta de planeamento urbano e excesso de população nas cidades.

O urbanista brasileiro falou depois da forma como as cidades evoluíram – “todas as cidades têm desenhos” – e como muitas delas se transformaram em centros divididos. Para os ricos e para os pobres. “As pessoas vão para condomínios privados para terem segurança… mas quanto mais alto é o muro com que se separam da sociedade, mais pessoas estarão à espera deles à saída”, disse, naquela que foi a primeira de muitas gargalhadas da sala.

Da conferência, duas ideias foram realçadas. Em primeiro lugar, esta necessidade de trazermos a vida e o trabalho para a cidade. As cidades são feitas para as pessoas e não faz sentido que as pessoas fujam delas.

Um exemplo: Lerner criou o conceito de ruas portáteis, que pretendem levar esta vida para as ruas, seja para que estas fiquem mais humanas ou simplesmente para afastar problemas sociais.

Outra das ideias defendidas por Lerner foi a célebre estratégia de transportes públicos. O urbanista brasileiro voltou a defender o transporte de superfície – mais barato e com maior capacidade de ser gerido.

“O futuro da cidade está na superfície”, explicou, enquanto trazia para cima da mesa os dados de Curitiba, cidade onde foi prefeito três vezes. Na cidade brasileira, 2,3 milhões de pessoas utilizam hoje os transportes públicos. Ou, para sermos mais concretos, utilizam os BRT (Bus Rapid Transit), um sistema inventado por Lerner e que é hoje utilizado em mais de 80 cidades de todo o mundo.

Para finalizar, Lerner falou também do Velib, o sistema de partilha de bicicletas de Paris, e do seu Dock Dock. Mas deste, também já tínhamos falado no Green Savers. Lembra-se?





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