Laboratório em Matosinhos quer transformar desperdício do pescado em “produtos úteis”
O Laboratório Colaborativo para a Bioeconomia Azul (B2E), sediado em Matosinhos, lidera um projeto que visa transformar as cabeças, vísceras ou espinhas de peixes que vão para o lixo em “produtos úteis e com valor acrescentado”, foi ontem anunciado.
Em comunicado, o laboratório sediado em Leça da Palmeira, no concelho de Matosinhos, distrito do Porto, esclarece que o projeto, intitulado “Roadmap4MarineCoproducts – Rumo ao Futuro na Valorização de Recursos Marinhos”, pretende “gerar novas cadeias de valor” através do desperdício do pescado.
“Estima-se que mais de 10 milhões de toneladas de restos de pescado não consumido, mas de qualidade, são desperdiçados em todo o mundo”, afirma o laboratório, destacando, no entanto, que estes resíduos, nomeadamente a cabeça, espinhas, pele ou vísceras dos peixes, representam “uma oportunidade importante” para a indústria, competitividade e meio ambiente.
O projeto pretende por isso aproveitar as partes não aproveitadas dos peixes, algas, mariscos e outros organismos para criar produtos a utilizar em diferentes setores, desde a indústria alimentar à farmacêutica.
“Na Islândia, por exemplo, cabeças e espinhas do peixe são transformadas em produtos como colagénio, óleo de peixe rico em ômega-3 ou farinha de peixe rica em proteínas”, destaca.
Segundo o B2E, o objetivo do projeto é “chegar ao desperdício zero do pescado”.
Citada no comunicado, a coordenadora executiva do laboratório salienta que vão ser identificadas as “melhores ideias de negócio e práticas da economia circular”.
Segundo Maria Coelho, o projeto “pretende impulsionar a inovação e promover o crescimento sustentável do setor em Portugal, transformando os coprodutos do pescado em oportunidades de negócio que beneficiem a economia circular e, por consequência, o meio ambiente”.
“As empresas portuguesas terão a oportunidade de diversificar os seus negócios, criar produtos inovadores e estabelecer parcerias estratégicas tanto a nível nacional como internacional”, acrescenta.
Neste momento, vai ser realizado um levantamento sobre tecnologias inovadoras e práticas sustentáveis existentes, assim como um mapeamento sobre as diferentes cadeias de valor da indústria do setor em Portugal, com o intuito de elaborar um “roteiro português que guie o setor na implementação de modelos de economia circular”.
Financiado pelo mecanismo financeiro europeu EEA Grants, o projeto tem como parceiros o NCE Seafood Innovation, na Noruega, e o Iceland Ocean Cluster (IOC), na Islândia, e as suas redes de associados, que totalizam quase 200 entidades.