Mais de 20% dos europeus expostos a níveis prejudiciais de ruído



Perto de 110 milhões de pessoas na Europa, mais de 20% da população regional, estão expostas a níveis de ruído gerado por carros, comboios e aviões que ultrapassam os limites além dos quais se podem tornar perigosos para a saúde humana.

O alerta é feito pela Agência Europeia do Ambiente (AEA) num relatório divulgado esta segunda-feira, no qual também é destaca que a poluição sonora excessiva pode ter impactos negativos no ambiente e na economia.

A análise avança que, apesar de alguns esforços no sentido de reduzir os níveis prejudiciais de ruído, o progresso “tem sido lento”, com a AEA a dizer que é muito pouco provável que a meta da União Europeia de redução em 30% até 2030 do número de pessoas com problemas crónicos associados aos ruídos dos transportes seja alcançada “sem medidas adicionais”.

Os especialistas recordam que a exposição ao ruído excessivo pode, a longo-prazo, ter uma série de efeitos negativos na saúde humana, como doenças cardiovasculares, doenças mentais, diabetes e até morte prematura. Segundo o relatório, as crianças e os adolescentes são o grupo etário mais vulnerável aos níveis excessivamente elevados de ruído, que podem dificultar a aprendizagem, como a leitura, provocar problemas comportamentais e obesidade.

Além disso, podem também ter custos económicos e sociais “elevados”, diz a agência, uma vez que os impactos negativos na saúde se podem traduzir em impactos negativos na economia. De acordo com as estimativas avançadas, a poluição sonora dos transportes pode resultar em perdas económicas anuais de, pelo menos, 95,6 mil milhões de euros na Europa ou de 0.6% do PIB por ano. O relatório indica que Portugal, a par da Eslováquia e da Estónia, é dos únicos três países europeus em que menos de 10% da população é afetada por níveis excessivos de ruído.

“A poluição sonora é muitas vezes ignorada, considerada apenas um incómodo da vida quotidiana. Os impactos a longo-prazo do ruído na nossa saúde e no ambiente são amplos e significativos, contribuindo para mortes prematuras, doenças cardiovasculares, diabetes e problemas de saúde mental”, salienta, em comunicado, Leena Ylä-Mononen, ditetora-executiva da AEA.

No que toca aos impactos ambientais do ruído, o relatório destaca que pelo menos 29% das áreas protegidas inseridas na rede Natura 2000 sofrem com níveis de ruído que podem ter impactos nos comportamentos de animais selvagens terrestres.

No mar, o ruído causado pelo tráfego marítimo, construções offshore e exploração de recursos pode também ser prejudicial, particularmente para as espécies que, em águas europeias, “dependem do som para a sua sobrevivência, como baleias e golfinhos”. Entre as áreas marinhas na Europa com os níveis mais elevados de ruído estão Canal da Mancha, o Estreito de Gibraltar, porções do Mar Adriático, o Estreito dos Dardanelos e partes do Mar Báltico.

Uma vez que entre 2017 e 2022 o número de pessoas afetadas pelo ruído excessivo caiu apenas 3%, longe da meta de 30% até 2030, a AEA recomenda medidas adicionais para fazer face ao problema. Entre as recomendações estão melhorias no acesso a espaços verdes e tranquilos nas cidades, reduções de limites máximos de velocidade em áreas urbanas, esforços de manutenção das vias-férreas e uma melhor gestão do tráfego aéreo.

A AEA diz ainda que promover o uso de transportes públicos, da caminhada e da deslocação por bicicleta é também uma forma de reduzir os níveis de ruído.






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