Mais de uma centena de embarcações protestaram hoje contra projeto da Altri na Galiza



Mais de uma centena de embarcações desceram hoje de manhã o rio Ulla até Padrón num protesto convocado por várias plataformas e associações ambientalistas contra o projeto da fábrica de pasta de papel da portuguesa Altri, em Palas de Rei, Espanha.

Este protesto, que culminou com uma manifestação e a leitura de um manifesto, foi seguido por centenas de pessoas que desceram de jangada o último troço do rio Ulla, desde Ponte de Sinde até Campo da Ínsua, também contra a reabertura de uma mina de cobre a céu aberto.

Segundo as associações ambientalistas, a mina e a fábrica de pasta de papel da Altri vão afetar a bacia do Ulla, tanto os ecossistemas como a qualidade da água, e vão também pôr em perigo o estuário de Arousa, onde o rio desagua e onde se encontra um dos “mais ricos bancos de marisco do mundo”.

Segundo disse a presidente da Plataforma Ulloa Viva, Pilar Naveira, em declarações à agência EFE, a participação registada neste tipo de manifestações de protesto mostra que a Junta [da Galiza] vai ficar sozinha na sua posição a favor da Altri.

Pilar Naveira afirmou ser “muito importante” que o governo tenha decidido deixar a fábrica da Altri fora dos fundos europeus de descarbonização.

Advertiu que este projeto “ameaça o modo de vida” tanto da região de Ulloa como de Arousa e de toda a bacia do rio Ulla devido “às descargas” de resíduos da fábrica, bem como à água que retirará do rio e “à poluição”, pelo que “o impacto que gerará é incrível”, advertiu, tanto a nível territorial como social e económico.

Apelou ainda à participação na “grande manifestação” de 01 de junho em Pontevedra, às 12:00, uma marcha tradicional contra a celulose nesta cidade.

Antes disso, está prevista uma manifestação para 08 de maio em frente ao Congresso dos Deputados em Madrid contra este projeto – que a Junta declarou como estratégico e que recebeu uma declaração ambiental positiva – para exigir que o governo não lhe atribua qualquer ajuda pública.

O projeto da empresa portuguesa de pasta de papel Altri para a Galiza não receberá fundos europeus, como solicitou a companhia, disse o Governo espanhol, em abril, tendo a empresa já anunciado que vai recorrer da decisão.

A exclusão da candidatura da Altri a 30 milhões de euros de fundos europeus destinados a projetos de descarbonização foi confirmada pela ministra do Trabalho e vice-presidente do Governo, Yolanda Díaz, e pelo ministro da Indústria, Jordi Hereu.

“Dissemos sempre alto e claro: Altri, não. E hoje dizemo-lo também desde o Governo, como defendemos desde o início”, escreveu na rede social Bluesky Yolanda Díaz, que é da Galiza e dirigente do Somar, o partido de esquerda que, com os socialistas, integra a coligação no Governo de Espanha.

A filial da Altri em Espanha, Greenfiber, assegurou que vai recorrer desta decisão e realçou que o projeto não está em risco.

A organização ambiental Greenpeace, que tem protagonizado a oposição ao projeto da Altri para Palas de Rei (Lugo), congratulou-se com a exclusão da candidatura a fundos europeus, considerando-a “um grande passo”, mas acrescentou que é preciso cautela, por se desconhecerem os fundamentos da decisão, e prometeu manter-se atenta a próximos desenvolvimentos.

Para a Greenpeace, é preciso saber se está em causa “uma questão de prazos” ou dúvidas em relação “à sustentabilidade e viabilidade do projeto”, que classifica como “enormemente prejudicial para o meio ambiente e a sociedade galega”.

A organização acrescentou, num comunicado, que, além destes fundos europeus, o projeto da Altri reclama outros financiamentos públicos, num total de 250 milhões de euros.

O executivo galego aprovou uma Declaração de Impacto Ambiental (DIA) favorável ao projeto, o que a Altri considerou “um importante reconhecimento” de que “cumpre todas as exigências ambientais da União Europeia”.






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