Natureza na Europa “não está em bom estado”, alerta Agência Europeia do Ambiente



Na União Europeia (UE), 81% dos habitats protegidos, 39% das espécies protegidas de aves e 63% das outras espécies protegidas estão em mau estado de conservação.

A conclusão é de um briefing da Agência Europeia do Ambiente, divulgado esta terça-feira, que alerta que “a Natureza europeia não está num bom estado” e que “poucos sinais de melhoria” têm sido vistos nos últimos anos.

O uso do solo, a poluição e as alterações climáticas são colocadas à cabeça da lista dos principais fatores que estão a impulsionar a degradação dos ecossistemas da UE, pelo que é urgente, dizem os especialistas, “esforços de restauro seguidos de gestão contínua” quer dentro quer fora das áreas protegidas “para assegurar que o nosso uso dos recursos planetários é sustentável no futuro”.

Proteger e conservar espécies de animais polinizadores, como abelhas, borboletas e sirfídeos, bem como várias aves e alguns mamíferos, é fundamental para garantir a segurança alimentar da região, uma vez que se estima que 84% das culturas agrícolas “dependam, pelo menos parcialmente, da polinização por insetos”.

A Agência Europeia do Ambiente diz que “apesar dos compromissos assumidos ao longo de várias décadas”, os Estados-membros não foram ainda capazes de estabelecer políticas ambientais a longo-prazo que permitam “alterar a tendência negativa generalizada de declínio da biodiversidade”.

Como tal, a avaliação do estado da Natureza europeia salienta que “é imperativo restaurar ecossistemas degradados”, ao mesmo tempo que se empreendem esforços “para proteger os que estão saudáveis”.

A melhoria e expansão das florestas, das zonas húmidas e de pradarias são também apontadas como importantes para aumentar o sequestro de carbono e mitigar os efeitos das alterações climáticas na Europa. “O restauro melhora a resiliência dos ecossistemas, suportando sistemas de produção baseados na Natureza e ajudando-os a adaptarem-se a eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes associados às alterações climáticas”, sublinha a agência.

“Se a Natureza for mais resiliente, será possível ajudar a Europa a adaptar-se a tais crises à medida que elas ocorrem”, escrevem os especialistas, avisando, no entanto, que “se as sociedades na Europa e outras continuarem a esgotar recursos naturais não-renováveis a um ritmo insustentável, os ecossistemas serão severamente afetados”.

Os habitats florestais na UE são os que, em termos percentuais, se encontram em pior estado, com 20% de uma área total de 417.078 quilómetros quadrados em más condições de conservação, seguidos pelas zonas húmidas e as pradarias.

Além de afirmar que “os benefícios monetários” do restauro de turfeiras, florestas, sapais, pradarias, rios e lagos, bem como de habitats costeiros, serem estimados na ordem 1.860 biliões de euros, a Agência Europeia do Ambiente diz que por cada euro investido haverá um retorno de entre oito e 38 euros, “devido aos vastos benefícios fornecidos através de serviços de ecossistema que suportam a segurança alimentar, a saúde e o bem-estar humanos, e a mitigação e adaptação climáticas”.

Por isso, “restaurar ecossistemas degradados pode ser visto como uma ‘intervenção de saúde pública’ que pode proteger e promover a saúde e o bem-estar humanos”, consideram os especialistas.





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