ONG revela quais os bancos que mais financiam a exploração de combustíveis fósseis na Amazónia



Entre janeiro de 2024 e junho de 2025, um conjunto de bancos financiou diretamente em cerca de dois mil milhões de euros operações de extração de petróleo e gás na Amazónia.

Os números são avançados num relatório divulgado esta semana pela organização norte-americana Stand.earth, no qual é indicado que mais de 80% desse financiamento foi para apenas meia dúzia de empresas petrolíferas: as brasileiras Petrobras e Eneva, a canadiana Gran Tierra e a cipriota Gunvor, bem como a Hunt Oil Peru e a Pluspetrol Camisea.

“Estas empresas estão frequentemente associadas a violações dos direitos humanos, corrupção, litigação e resistência dos Povos Indígenas”, diz, em nota, a Stand.earth.

De acordo com o relatório, o banco Itaú Unibanco foi o maior financiador da exploração de petróleo e de gás na Amazónia desde o início do ano passado, especialmente através do financiamento canalizado para a Eneva.

Embora indique que, entre janeiro de 2024 e junho de 2025, os bancos Itaú, JP Morgan e Bank of America foram o que mais financiaram a extração de combustíveis fósseis nesse bioma sul-americano, a Stand.earth diz que bancos como o BNP Paribas e o HSBC têm vindo a reduzir o financiamento a projetos desse tipo nos últimos 10 anos.

Ampliando a janela temporal, os autores, com base em informações de 843 negócios envolvendo 330 bancos, revelam que foram investidos mais de 13 mil milhões de euros na exploração petrolífera na Amazónia desde a adoção do Acordo Climático de Paris em 2015. Cerca de 75% desse financiamento veio de apenas 10 bancos: JP Morgan Chase, Itaú Unibanco, Citi, Bank of America e HSBC.

O relatório é divulgado a menos de uma semana do início da 30.ª cimeira climática global das Nações Unidas (COP30), que acontecerá na cidade brasileira de Belém, em plena Amazónia pela primeira vez.

“Para os Povos Indígenas – e os seus aliados – que resistem ao extrativismo, a primeira COP climática da região é um momento crucial que exige uma Amazónia livre de combustíveis fósseis”, diz, em nota, Martyna Dominiak, responsável de finanças climáticas da Stand.earth.

A organização recorda que o aumento da extração de petróleo e gás na Amazónia “ameaça dos ecossistemas mais vitais do mundo e os Povos Indígenas que os têm protegido ao longo de milénios”.

Além das emissões de gases com efeito de estufa geradas pelos combustíveis fósseis, “a sua extração na Amazónia também acelera a desflorestação e polui rios e comunidades”, salienta a Stand.earth, acrescentando que “países como o Brasil, o Equador e o Peru estão a caminhar na direção errada, licitando dezenas de novos blocos de petróleo por toda a floresta tropical”.

“Ao financiarem esses projetos, os bancos estão a alimentar tanto a crise climática como a destruição da Amazónia, em vez de apoiarem a transição energética justa que é urgentemente necessária.”






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